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Rosa María Peral Viñuela nasceu no início dos anos oitenta (entre oitenta e um e oitenta e cinco) na cidade de Barcelona, que fica na região da Catalunha, na Espanha. Não saíram tantas informações na mídia sobre a idade certa da Rosa, mas de acordo com datas soltas de acontecimentos que ela conta, a gente acredita que hoje em dia a Rosa tenha ali seus quarenta anos.

Ela cresceu com pais bastante presentes e atenciosos. A Rosa é uma mulher branca, tem cabelos castanhos e olhos claros. Aos dezesseis anos, quando estava no ensino médio, Rosa conheceu Rúben Carbó em uma boate onde ele trabalhava. Eles começaram a conversar, marcaram de sair, se apaixonaram e logo começaram a namorar. 

Os dois tiveram um relacionamento bastante longo - mas que, de acordo com Rosa, também foi muito tóxico. Mais tarde, ela diria que ele era controlador e ciumento. De acordo com depoimentos de amigas dela pra justiça espanhola, a Rosa sempre foi muito bonita, comunicativa e sempre gostou de flertar e de conhecer novos homens. Já mais velha, Rosa entrou para a Guàrdia Urbana de Barcelona, ou Guarda Urbana de Barcelona, a polícia local. E agora, dentro da polícia de Barcelona, é onde tudo começaria a dar errado.

Em dois mil e oito, ainda namorando com Rúben, Rosa acabou tendo um caso com o subinspetor Óscar da polícia na época. Ela diz que foi um relacionamento curto, de poucos meses, mas que, ao terminar com o subinspetor, ele invadiu o e-mail de Rosa e mandou uma foto íntima dela e uma mensagem, que difamava Rosa, pra todos os funcionários da Guarda Urbana. 

De acordo com Rosa, ela se sentiu super humilhada e logo em seguida denunciou o subinspetor, que por sua vez nega até hoje que aquelas fotos foram tiradas por ele. O caso seguiu aberto, em processo judicial, e ficou conhecido como “pornografia de vingança”, enquanto muitas acharam que a própria Rosa teria enviado a foto.

Ela conta que, depois dessa polêmica, a relação com Rúben ficou muito pior e que, por mais que tivessem decidido continuar juntos, eles brigavam com muita frequência. Apesar disso, em dois mil e dez e dois mil e doze eles tiveram duas filhas, que sempre foram muito amadas e protegidas por Rosa.

Ainda em dois mil e doze, na Guarda Urbana, Rosa conheceu o Albert López, que seria seu novo parceiro de patrulha e uma peça muito importante nessa história. 

No ano seguinte, dois mil e treze, Rosa e Rúben se casaram, mas ali ela já tinha um envolvimento secreto com Albert. Os dois ficaram super próximos e Rosa diz que se sentiu ouvida, que gostava muito da companhia de Albert. Não demorou muito tempo e eles começaram a ter uma “amizade colorida”. O que ela não imaginava, era que esse relacionamento secreto resultaria em nada menos do que um crime.

Quatro anos se passaram e Albert e Rosa continuavam amigos, trabalhando juntos e mantendo o caso romântico, mesmo que, de acordo com a Rosa, ela não quisesse prolongar muito o romance.

De acordo com seus depoimentos, ela via o Albert só como “amigo colorido”, mas achava que ele tinha “expectativas diferentes” e queria algo mais sério.

Até que em dois mil e dezesseis, Rosa e Rúben decidem colocar um ponto final no casamento e se divorciam. Mas, diferente do que você possa pensar, que talvez ali teria uma deixa pra Rosa ter algo mais sério com o amigo dela, o Albert, não foi o que aconteceu.Ela diz que o Albert, apesar de demonstrar que gostava muito dela, não queria casar e nunca quis ter filhos. Então ela não pensava em algo sério com ele, já que as suas filhas eram o maior amor dela e ela sempre colocava as meninas em primeiro lugar.

Mas ali, em dois mil e dezesseis mesmo, ela conheceria alguém muito parecido com ela, e que queria sim construir uma família. E esse alguém era Pedro Rodriguez, um outro agente da polícia de Barcelona, que trabalhou com Rosa algumas vezes e que se mostrou um cara super atencioso e gentil. Eles tinham muitas coisas em comum e Pedro também era divorciado e tinha um filho com a ex-esposa. 

Rosa Peral e Pedro Rodriguez (Crédito: Movistar+)

Eles começaram a sair juntos algumas vezes, pra andar de moto, até que iniciaram um namoro, que era bem sigiloso entre os policiais. De acordo com Rosa, o próprio Albert não fazia ideia.

No relacionamento dela com Pedro tudo aconteceu super rápido, de forma bem intensa e naquele momento ela se afastou bastante do Albert, sem dar muita explicação, e eles voltaram a ser só amigos. Em poucos meses de namoro, o Pedro já estava morando na casa da Rosa e ela dizia que ele era muito carinhoso e simpático com as suas filhas. Eles viajavam juntos com a família dela e se davam muito bem, na maior parte do tempo.

Mas, nem tudo era perfeito. Assim como Rúben, Pedro começou a se mostrar um cara bastante ciumento. Até que ali no fim de dois mil e dezesseis tudo começaria a ir por água abaixo. 

Nessa época, a Rosa também conversava com dois homens, como indicam várias mensagens recuperadas no seu WhatsApp. Ela começou a trocar mensagens românticas com seu vizinho, Manuel. E adivinhem quem mais voltou a ser amante dela? Isso mesmo, o Albert. 

Mas apesar da Rosa estar administrando ali vários romances de uma vez, pelo o que a gente tem de informação, até ali, o Pedro e o Albert ainda não sabiam um do outro. De acordo com amigas da Rosa, ela e o Pedro brigavam muito, e a Rosa vivia dizendo pra elas que eles tinham discussões todos os dias

Mas a Rosa mais tarde diria que não era bem assim, que eles tinham algumas discussões, mas que não era o tempo todo, e que eram discussões “normais de todo casal”, e que às vezes ela só “exagerava” ao contar disso pras amigas. 

Os últimos meses de dois mil e dezesseis passaram e agora pulamos pra Janeiro de dois mil e dezessete. De acordo com seus registros no WhatsApp, Rosa ainda se encontrava com Albert

Até que um dia ela levou ele pra casa dela. E lá, o Albert viu o Pedro chegando na casa do nada, e foi assim que descobriu que ele estava morando ali com Rosa e ficou super bravo com ela. 

De acordo com Rosa, os dois homens não chegaram a brigar entre si, mas ela pediu que o Pedro esperasse em casa enquanto ela conversava com Albert do lado de fora. 

No fim, o Albert subiu na moto e foi embora, furioso, enquanto o Pedro achou que ela só estava tendo uma discussão com o amigo do trabalho. No dia vinte e nove de Janeiro, ele mandou um e-mail gigante xingando Rosa. Nesse e-mail, ele diz que antes daquele momento ele estava disposto a largar tudo por ela, que toda a delegacia ia descobrir que ela estava namorando o Pedro, ameaçou ela e o Pedro e ainda disse:

“Você não sabe o que me fez passar. Eu te odeio.”

Albert diz que só mandou aquele e-mail depois de ter recebido setenta e sete e-mails de Rosa, dela pedindo pra voltar com ele. E a Rosa negou ter feito isso. Ela disse que depois da ameaça ficou com muito medo e quis evitar conflitos. Já o Albert, diz que ela não queria perder a relação com ele.

Vinte minutos depois, Rosa enviou dois e-mails como resposta, em que diz pra ele que “Pedro nunca teria ela pra si, que ela sempre seria de Albert”. De acordo com Rosa, ela mandou esses e-mails só pra acalmar Albert, com medo de que ele pudesse machucar ela ou a sua família. Ela diz que “queria esperar o tempo passar”, pra que Albert superasse a obsessão que ele tinha por ela.

A partir daqui os relatos começam a se contradizer, a Rosa diz uma coisa e o Albert diz outra. E existem três versões do que aconteceu nos próximos meses: a versão de Rosa, a versão de Albert e a versão da justiça espanhola. E elas são totalmente diferentes. Mas no momento, vamos continuar na versão da Rosa pra vocês entenderem o contexto geral.

Depois da briga entre Albert e ela, Rosa diz que ficou super assustada e diminuiu o contato com ele. Ela diz que eles mal se falaram e já não estavam mais fazendo patrulhas juntos. 

Em Março de dois mil e dezessete, dois meses depois da briga, o Albert até mandou algumas mensagens pra Rosa pelo Facebook, insistindo que ela o respondesse, que ele não “causaria mais problemas”. Mas Rosa não respondeu naquele momento. Ela disse que Albert usou ali uma linguagem simpática e parecia que estava pedindo desculpas, pelo menos.

Até que em Abril de dois mil e dezessete. No dia oito daquele mês, a Rosa estava em um bar com as suas amigas quando o Albert simplesmente apareceu lá, foi até ela e jogou um anel no colo dela, dizendo que queria que eles voltassem a “trabalhar juntos”.

Rosa ficou incomodada com aquilo e parecia que ele queria uma reconciliação do romance. Ela pediu pra que ele não aparecesse mais assim, que deveriam conversar sobre aquilo em outro momento e, então, ele foi embora.

Amigas de Rosa que estavam com ela deram depoimentos pra mídia e falaram que Rosa teria colocado o anel e ficado admirando o anel de Albert em uma das mãos e o anel que Pedro tinha dado pra ela, na outra.

Já a Rosa nega isso, ela falou que entendeu aquilo como uma atitude possessiva e contou que naquela noite, depois que Albert foi embora, falou pras amigas que gostava da amizade do Albert, mas que tinha escolhido ficar com Pedro

Até que no dia dezenove de Abril, um áudio misterioso no celular de Rosa mostra que ela estava combinando uma viagem com um homem, pra “depois que fizessem aquilo”

Ela não fala no áudio o que é “aquilo” que eles combinavam de fazer, mas chama o homem de “tonto” - o mesmo apelido que usava com Albert em mensagens. 

Depois, essa mensagem foi deletada de alguma conversa e ficou dispersa nos dados do celular da Rosa, de uma forma que dava pra ouvir o áudio, mas não dava pra identificar pra quem ela tinha enviado. Rosa diz que não mandou aquilo pra Albert, e que usava aquele tipo de apelido com vários colegas. 

No dia vinte de Abril, um dia depois dessa mensagem estranha, Albert comprou um segundo celular, com um novo chip, e recebeu uma ligação de Rosa naquele número. 

A partir daí, registros no celular de Rosa mostram que entre os dias vinte e um e vinte e cinco de Abril, Rosa e Albert fizeram mais ou menos trinta e uma ligações um pro outro, sempre rápidas. 

No dia vinte e cinco, inclusive, eles até chegaram a se encontrar, como provaram torres de celular que colocaram o celular de Rosa e de Albert no mesmo lugar.

Rosa justifica esse contato frequente com Albert dizendo que queria se afastar dele, que continuava respondendo mensagens e ligações por medo e também pra tentar marcar uma data pra esclarecer limites entre eles pessoalmente e devolver o anel que ele tinha dado de presente pra ela. Mas se fosse pra só resolver a situação, será que ela teria feito ligações pra ele tantas vezes

No dia trinta de Abril, Rosa deixou as filhas com o pai delas, Rúben. Ela disse que achava muito difícil difícil quando Rúben levava as meninas, e Pedro sabia disso, então naquela noite ele distraiu Rosa, levando ela pra jantar e depois dando um passeio na praia. Dois dias depois, no dia dois de Maio, Rosa e Pedro tiveram uma “briga feia”, como conta ela, e ela falou pros pais dela que o Pedro tinha ido embora sem nenhuma explicação e que não respondia mais nenhuma mensagem.

Um dia depois, no dia três de Maio, Rosa e Albert foram a um almoço com colegas da delegacia e tiraram várias fotos. Ao que dava a entender, Rosa não fazia ideia de onde Pedro estaria. 

No outro dia, quatro de Maio de dois mil e dezessete, o carro de Pedro foi encontrado carbonizado na represa de Foix. Dois policiais chegaram ao local e, ao darem uma olhada no estado do carro, encontraram um corpo, reduzido a cinzas, no porta-malas. 

E sim gente, aquele era o corpo de Pedro. O fogo tinha apagado quase qualquer pista que a polícia pudesse usar, mas uma autópsia confirmou em pouco tempo a identidade da vítima. A única coisa que foi possível determinar, era que entre três horas e seis horas da manhã a vítima sofreu algum tipo de agressão.

INÍCIO DA INVESTIGAÇÃO POLICIAL:

Os detetives começaram investigações do crime e, primeiro, aquele parecia um assassinato por vingança. Até porque Pedro era policial, então muitos criminosos poderiam ir atrás dele pra se vingar de alguma forma. Mas logo os detetives da Catalunha perceberam algo estranho: 

A Rosa levou mais de dez dias pra querer colaborar com a polícia a respeito da morte do namorado e falar se sabia de algo ou não, enquanto outros policiais faziam o que podiam pra ajudar.

Ela até contou da briga e falou que não tinha notícias de Pedro desde então. Mas não demorou muito pra que a polícia começasse a fazer conexões com Rosa e Albert, até que ela finalmente se pronunciou. No dia treze de maio, doze dias depois do crime, Rosa foi até a delegacia e disse “vou compartilhar tudo o que sei e acabar com isso” Mas dessa vez, a história era outra. 

Rosa culpou Albert pela morte de Pedro e contou para os detetives uma história bizarra. Ela disse que Albert era obcecado por ela e que, de acordo com o relato de Rosa, ela, Pedro e suas duas filhas chegaram na casa dela por volta das nove e trinta e sete da noite, depois de um passeio com os pais dela. 

O casal deixou as meninas dormindo no andar de cima da casa e desceu para a lavanderia, pra colocarem algumas roupas pra lavar. Rosa disse que nessa hora Albert começou a mandar várias mensagens, dizendo que queria que eles se encontrassem, então ela se afastou, foi pro lado de fora da casa e, às nove e cinquenta e um, fez uma ligação pra Albert, que ele não atendeu. Dois minutos depois ela liga de novo, e os dois conversam por quatro minutos. Rosa diz que só pediu pra que ele parasse de incomodar ela, naquela ligação.

Dez minutos depois, Albert ativa aquele celular com um chip novo perto da casa de Rosa, e uma torre de celular marca ele no local porque ele faz uma ligação perdida pra Rosa.

Poucos minutos depois, Rosa sai da casa pro quintal e se depara com Albert pulando o muro de sua casa, com um pedaço de pau na mão e sua pistola na cintura. 

Rosa disse que Albert mandou que ela subisse pro andar de cima da casa, que era desconectado do andar de baixo, ou seja, ela conseguia se trancar lá, e foi o que ela fez. Ela checou se as meninas estavam mesmo dormindo, e ficou andando pelo andar de cima, esperando.

Ela disse que escutou barulhos horríveis, como se fossem de uma briga e, assim que eles pararam, Albert apareceu do outro lado da porta pedindo que Rosa saísse. Com medo, ela saiu e Albert falou que eles entrassem no carro de Pedro. Rosa disse que não viu nem sinal do Pedro nessa hora, nem de manchas de sangue, nem nada. Então, com medo do que Albert poderia fazer, ela obedeceu.

Eles dirigiram até a casa do ex-marido dela, Rúben. Lá, Albert teria entregado o celular de Pedro pra Rosa e forçado ela a mandar mensagens se passando por ele, pra tentar incriminar Rúben com a localização do celular e ainda fingir que Pedro estava vivo naquele horário. 

Depois disso, ele levou Rosa de volta pra casa dela, entregou as chaves do carro do Pedro pra ela e disse que ele guiaria o carro dela, e ela deveria seguir ele com o carro de Pedro. Rosa mais uma vez obedeceu, e eles dirigiram até perto da represa de Foix. Ela conta que, chegando lá, parou o carro e viu Albert descendo, com dois galões de gasolina

Rosa falou que nessa hora achou que morreria e tentou fugir correndo, mas Albert alcançou ela. Ela diz que ele obrigou que ela entrasse no carro dela, que ele tinha dirigido, deixando o carro de Pedro ali, perto da represa. Albert levou Rosa pra casa, deu pra ela o celular de Pedro e a ameaçou, dizendo que ela não deveria falar nada ou ele mataria suas filhas.

De acordo com Rosa, ela ficou com tanto medo, que fez o que ele disse e agiu como se nada tivesse acontecido. Mas ela acreditava que depois ele voltou até a represa e ateou fogo no carro, com Pedro no porta-malas.

Ali, os detetives ficaram chocados, mas já perceberam que a história tinha vários furos. E Rosa disse que, assim que terminou de falar, os policiais já anunciaram que iam levar ela pra uma cela, onde ela ficou aguardando mais interrogatórios. Ainda tinha muita coisa a ser investigada, afinal, detalhes na história de Rosa não faziam sentido, como o fato de ela não ter fugido enquanto dirigia sozinha o carro de Pedro até a represa. 

E Rosa era uma policial há anos, era de se esperar que ela teria uma reação diferente diante de uma ameaça como Albert.

Além disso, mais dúvidas surgiram, enquanto o Albert contava uma história completamente diferente. De acordo com ele, quem matou Pedro foi Rosa, que drogou Pedro assim que chegaram e pediu a ajuda de Albert pra jogar ele no porta-malas e atear fogo no carro, querendo se vingar por ele ser um namorado tóxico.

E ele ainda disse que tudo foi premeditado e que, naqueles meses anteriores, Rosa ainda mandava mensagens românticas pra ele e dizia que queria se livrar do namorado. Ele se colocou na história como um observador, que não teve atuação direta, mas que acompanhou e acobertou Rosa em seu crime.

E eu não preciso nem dizer que os detetives não acreditaram nem um pouquinho nas duas versões separadas, né? Acontece que o Albert e a Rosa tinham um histórico de ligações muito suspeito na semana anterior ao crime, e um histórico de anos de uma relação conturbada. Pra polícia, eles tinham planejado aquilo juntos. 

Sem contar aquela aparição dos dois em um almoço da equipe da delegacia um dia depois do crime. Crime esse, que um acusava o outro de ter cometido. E ainda surgiram provas de que, nesse mesmo dia, em três de Maio, Rosa teria trocado fotos íntimas com aquele vizinho, Manuel.

A acusação dizia que sim, Rosa teria drogado Pedro quando chegaram do passeio em família, então ligou pra Albert dando um sinal do início do plano. Albert teria ajudado ela a colocar o corpo no porta-malas e eles dirigiram até a casa de Rúben levando o celular e o carro de Pedro pra incriminar o ex-marido. Depois teriam ido até a represa e atearam fogo no carro juntos.

É claro que as coisas estavam pesando muito pro lado de Rosa. Todas suas atitudes que ela relatou durante o crime de Albert dependiam cem por cento que ela tivesse um medo absurdo do amigo. a teria saído com ele normalmente no dia seguinte pra ir a um almoço, fingindo que estava tudo bem?

E todas as suas atitudes depois do crime, seu silêncio, a aparição no almoço, faziam dela uma grande suspeita. 

Os dois não saíram da delegacia até o dia seguinte, catorze de maio de dois mil e dezessete, quando Rosa e Albert foram oficialmente presos, acusados do assassinato de Pedro Rodriguez. No dia vinte de Junho daquele ano, Rosa ainda ajudou a polícia a fazer uma “reconstrução” do crime com sua versão da história. Mesmo assim, ela e Albert aguardaram os julgamentos na prisão.

A cobertura da mídia espanhola só falava sobre isso nos anos seguintes, enquanto Rosa e Albert aguardavam julgamento. Detalhes da vida íntima de Rosa começaram a ser divulgados e todos começaram a pintar ela como uma “viúva negra”, uma mulher fria, que não se contentava com seus relacionamentos e que agora tinha matado seu parceiro.

Albert e Rosa em julgamento. imagem: jornal O Tempo

O julgamento começou em Fevereiro de dois mil e vinte e reuniu diversas evidências que conectavam Rosa e Albert ao crime. Entre essas evidências tiveram depoimentos de conhecidos de Rosa, mensagens e ligações de seu celular, e muitas, mas muitas, informações íntimas de seus relacionamentos. 

A base da acusação era mostrar a frieza de Rosa e sua indiferença com todos seus amantes, a ponto de ela ser capaz de ter cometido o crime contra Pedro com a ajuda de Albert. Todo seu histórico de infidelidade foi exposto no tribunal e até aquele vizinho de Rosa, Manuel, foi interrogado sobre suas relações com ela, que ele confirmou.

Pra colaborar com a história da acusação, ainda foi encontrada uma suspensão que a Prefeitura Municipal deu pra Pedro, depois de ele ter agredido um motorista. Amigos dele diziam que “Rosa o deixava louco”. Lembrando que Rosa, em seus depoimentos, fez questão de dizer que seu namoro com Pedro era tranquilo.

A família e a advogada de Rosa, assim como alguns jornalistas, disseram que o julgamento estava sendo injusto, usando os erros de Rosa em seus relacionamentos como motivação pra um crime.

Tanto a Rosa quanto Albert testemunharam a favor de si mesmos e, no tribunal, Rosa contou em detalhes sua versão, que vocês já conhecem. Sua defesa se baseava no fato de que Rosa tinha muito medo de Albert e do que ele poderia fazer com suas filhas, tendo atitudes que a prejudicaram. Sua advogada a defendeu dizendo que “Rosa pecou, mas não é uma assassina”

Alguns detalhes estranhos do passado de Albert e Rosa foram trazidos ao tribunal. Foi descoberto que lá em agosto de dois mil e catorze um vendedor ambulante caiu de um barranco e morreu enquanto Albert e Rosa faziam uma ronda. No mesmo período, Albert tinha sido acusado de agredir, justamente, um vendedor ambulante. Com a falta de provas, o caso foi arquivado na época.

FIM DO CASO:

O julgamento durou cerca de um mês e, embora não fosse possível determinar a causa específica da morte de Pedro, eles sabiam que aconteceu uma agressão, como diz a sentença:

“Estamos perante uma agressão e a causa intencional da morte da vítima, embora não tenha sido possível determinar a causa específica, confirmada pelos médicos legistas, e não o que aconteceu antes do incêndio do carro que continha o cadáver. Houve uma agressão à vítima, mas que ocorreu entre três e seis horas do dia dois de maio de dois mil e dezessete”

De acordo com a sentença, o crime aconteceu “de forma voluntária e consciente por ambos”. E, assim, no dia vinte e cinco de março de dois mil e vinte, no início da pandemia do coronavírus, Rosa e Albert foram declarados culpados pelo assassinato de Pedro Rodriguez. 

Rosa foi condenada a vinte e cinco anos de prisão e Albert por vinte (considerando que na Espanha a pena é maior pra quem é uma pessoa próxima da vítima, como um familiar ou parceiro). Depois desses anos cumpridos, os dois precisam cumprir dez anos de liberdade condicional, e cada um deles ainda precisa pagar oitocentos mil euros pra família de Pedro como indenização.

Rosa em julgamento.

Já faz seis anos desde a prisão dos dois e três anos desde o veredito no tribunal e os dois antes mantém suas versões. Rosa e Albert não deixaram a prisão em momento nenhum e Rosa continua sendo visitada toda semana por suas filhas e seus pais. 

Na prisão, de acordo com o jornal O Tempo, Rosa ficou bastante famosa e até se meteu em algumas brigas, precisando ser transferida pra uma penitenciária mais segura, a Mas d’Enric, em El Catllar, também conhecida como Tarragona. 

DOCUMENTÁRIO E SÉRIE DA NETFLIX:

Mas essa não foi a única polêmica em que Rosa se meteu dentro da prisão. Neste ano, em dois mil e vinte e três, foi lançado um documentário de uma hora e vinte na Netflix, chamado “O Caso Rosa Peral”, como eu já comentei. Mas, pra gravar esse documentário, a Rosa forneceu várias entrevistas em vídeo da cadeia, que foram ilegais. Quem está preso pode se comunicar com parentes e outros números de celular limitados

Qualquer entrevista que a pessoa que está presa quiser dar, precisa passar por um processo de autorização, pra analisarem questões de segurança, mudanças na rotina e o impacto que a entrevista pode ter na proteção de outros envolvidos.

E, no caso da Rosa, ela não passou por esse processo e não avisou nenhuma autoridade da prisão que faria uma entrevista se defendendo da sua acusação. Agora, o governo da Catalunha está processando Rosa por uma infração grave no regime de comunicações internas da prisão.

Em suas entrevistas, Rosa diz que foi injustiçada desde o início e muito mal tratada a partir do momento em que chegou na delegacia pra contar sua versão da história. Ela teria sido colocada em “salas de castigo”, como se fosse uma solitária, e deixada por dias sem comer e sem ver ninguém. Isso e mais alguns outros detalhes do seu depoimento vocês podem ver no documentário.

Ela disse que não confiava mais em autoridades desde o seu processo naquele caso de difamação, e isso também fez com que ela não quisesse contar logo de cara a versão dela sobre o crime. Mas depois entendeu que aquilo prejudicou seu julgamento.

Agora, em setembro desse ano, de dois mil e vinte e três, a Netflix também lançou uma série espanhola de oito episódios ficcional sobre esse caso. A série tem como protagonista a Úrsula Corberó, a Tokio, de La Casa de Papel. E, apesar de ter alguns momentos bem romantizados e algumas diferenças da realidade, conta o caso de uma forma muito interessante. 

Nem Rosa e nem Albert ganharam nada com a série. Inclusive, Rosa deu uma entrevista autorizada à Catalunya Rádio e nela disse que abriu uma ação judicial contra a Netflix, porque a série estaria “violando seu direito à honra”, nas palavras dela. E ela ainda pediu que recebesse pelos direitos autorais. 

Ela ainda menciona a Úrsula Corberó e diz que:

“A protagonista da série disse que foi um papel difícil de fazer, porque era muito tóxico. Me diz, em que momento fui julgada por ser tóxica ou não? Não há sentença em que eu seja condenada como tóxica”

Apesar da revolta de Rosa, a série fechou vários acordos pra que fosse ao ar, como por exemplo mudar o nome de alguns envolvidos pra preservar suas identidades.De qualquer forma, esse é um caso muito complicado, com versões diferentes e vários segredos. Mesmo com toda a movimentação de Rosa dizendo que é inocente e que foi julgada de forma parcial, a justiça espanhola tomou sua decisão final em dois mil e vinte, diante das muitas evidências que tinham, de uma motivação e ações suspeitas antes, durante e depois do crime.

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