ENTRE EM CONTATO

CONTATO

Para propostas comerciais, sugestão de casos ou para elogios ou até mesmo reclamações, preencha o formulário.

ENTRE EM CONTATO

CONTATO

Para propostas comerciais, sugestão de casos ou para elogios ou até mesmo reclamações, preencha o formulário.

ENTRE EM CONTATO

CONTATO

Para propostas comerciais, sugestão de casos ou para elogios ou até mesmo reclamações, preencha o formulário.

Mochileiros experientes resolvem fazer uma expedição na floresta nevada e montanhosa de Ural e nunca mais voltam para casa. Os corpos encontrados contam diversas histórias, mas a verdade sobre o que aconteceu a eles, quase setenta anos atrás, ainda permanece um mistério.

Mochileiros da Escola Politécnica de Ural

Em 1959, um grupo de amigos, todos estudantes da Escola Politécnica de Ural, na Rússia, resolveram fazer uma expedição, tipo uma trilha com acampamento, em uma área de reserva coberta pela neve. A aventuraria ia durar quatorze dias e tinha como destino final uma montanha de mais de mil metros de altitude. 

O frio pouco importava, pois todos eles, ainda que muito jovens, tinham experiência nesse tipo de passeio e sabiam o que poderiam encontrar pelo caminho. Assim, se preparam para ele.

Ao todo, dez pessoas faziam parte da equipe de expedição, todos convidados por Ygor Dyatlov, que tinha vinte e três anos e, apesar de tão pouca idade, já era bem experiente em trilhas e montanhismo. O grupo também era formado por duas mulheres, Zina e Ludmila, e também por três Yuris, que vou chamar aqui de Yuri 1, 2 e 3, porque os nomes são russos, então a gente não se perde, além de Rustem, Semyon, Nicolai, toda essa galera tinha entre vinte e vinte e quatro anos, e Alexander, o único, entre muitas aspas, velho do grupo, com trinta e oito anos.

Pra gente conhecer um pouquinho essas pessoas, vou dar aqui alguns detalhes.

Yuri UM e Zina eram amigos desde que Yuri a salvou de um urso. Eles namoraram por um longo tempo, mas em cinquenta e nove, durante a expedição, já não estavam mais juntos romanticamente. Ainda assim, eram mega amigos.

Rustem era atleta, e Aleksander, o mais velho, trabalhava como físico nuclear. Eles eram amigos pessoais. Já Semyon tinha histórico na força militar soviética e, depois da segunda guerra, passou a trabalhar como guia de turismo da região. Ygor Dyatlov, o líder da expedição, era especialista em montanhismo e já tinha feito algumas expedições do gênero. Yuri DOIS era amigo de infância dele e uma das peças que acabava conectando todo o grupo.

Ludmila era mais jovem do grupo e era especialista em montanhismo e muito respeitada. Uma curiosidade é que Ludmila já tinha sido baleada por um caçador em uma expedição anterior, sobreviveu e estava pronta para a próxima a ventura. O Yuri TRÊS, cujo sobrenome é Yudin, era amigo da Ludmila, e esse nome vai ser importante daqui pra frente, porque ele foi o ÚNICO sobrevivente dessa aventura.

Ou seja, nem todos eram amigos de infância entre si, digamos assim, mas de certa forma todos se conheciam, e um foi apresentando o outro para um membro do grupo e um nível mínimo de amizade e confiança se estabeleceu para que eles fizessem essa trilha de dez quilômetros entre o ponto de partida e a montanha final. 

Se você já participou de uma escalada, até mesmo nessas indoors, dentro de academia, sabe que confiança é um item de série nas equipes expedicionárias, já que você precisa, muitas vezes, colocar sua segurança física nas mãos de outra pessoa. Então imagina, mil novecentos e cinquenta e nove, pós-guerra, União Soviética a todo vapor, neve e o frio russo que, nunca fui, mas deve ser de doer, e dez quilômetros de puro gelo pra subir numa montanha enorme, e imagina fazer isso com pessoas desconhecidas ou suspeitas.

Sem chance, né?

Estou falando isso porque havia alguém suspeito no grupo? Não. Quer dizer, pelo menos, não a princípio. Nos anos que se seguiram ao mistério do Passo Dyatlov, como esse caso é conhecido, muito se especulou sobre a participação de alguns membros em operações militares ou até de espionagem para a CIA, mas nós vamos chegar lá.

Aqui, é importante que a gente compreenda que todo mundo ali confiava uns nos outros a ponto de deixar tanto sua vida quanto sua morte nas mãos do companheiro ou da companheira de caminhada. Isso vai ser importante para que a gente desvende alguns dos mistérios no final da história.

Dito isso, quando essa galera toda se reuniu para rumar à montanha, em uma área de preservação ocupada pelos MÂNSI, um povo originário da região, alguns dias serviram como preparativo, tanto mental e físico quanto de equipamentos e suprimentos. Todos chegaram no dia vinte e sete de janeiro ao local de saída, mas só começaram a caminhada, de fato, em trinta e um de janeiro.

Nesse intervalo de tempo, Yuri Yudin, o Yuri TRÊS, passou mal. Ele tinha umas questões de saúde na época, apesar de ainda ser muito jovem, e decidiu não seguir viagem, tanto para não colocar sua vida em risco quanto para não atrapalhar o grupo.

Todos eles tinham uma experiência que podemos considerar, na pior das hipóteses, MÍNIMA, com esse tipo de trilha, sendo que o próprio Ygor Dyatlov era especialista em áreas de montanha como aquela. Isso significa que ninguém chegou até lá achando que ia ser uma coisa pra se deparar com outra completamente diferente.

O percurso era desafiador, sim, muito perigoso, e foi por isso que os jovens estavam empolgados em trilhá-lo. E esse talvez tenha sido o motivo de Yuri três voltar para a base do acampamento: ele sabia, com certeza, que se algo acontecesse com ele em uma expedição tão crítica, certamente ele seria deixado para trás.

E não porque as outras pessoas eram más, mas simplesmente porque, em situações extremas, ajudar o amigo pode significar a morte do amigo e da pessoa que o ajuda.

Mas enfim. Yuri voltou, trazendo como lembrança um chaveirinho que a amiga Ludmila deu pra ele, para que ele não ficasse tão triste por perder a aventura, e Ygor Dyatlov reforçou para ele o combinado que tinha feito com a família: assim que chegasse à montanha, em quatorze dias, mais ou menos, mandaria um telegrama avisando a todos que o grupo tinha chegado.

Mais ou menos porque poderia dar uma atrasada, o que seria normal, já que na natureza a gente não pode dar certeza, né?

Mas, antes de partirem para a aventura, algumas pessoas que viviam no povoado MÂNSI, aos pés das colinas, até tentaram fazer com que eles NÃO rumassem para a montanha, dizendo algo como

Deixa disso, não procura problema, os espíritos da floresta não gostam de gente passando por lá, eles podem criar armadilhas pra vocês.

Por mais que o grupo respeitasse as crenças do povo MÂNSI, isso também não os intimidou. E lá se foram, felizes e empolgados, para o que seria o último percurso de suas vidas.

Uma das coisas mais interessantes sobre esse caso é que existem fotos contando metade da história do grupo, porque a outra metade, embora com muitas teorias, parece bem longe de ser desvendada. 

Nessas fotos, registradas por vários membros do grupo, os jovens estão sorridentes, brincando. Empolgados, como todo jovem que está fazendo algo de que gosta muito na companhia de amigos. Em uma delas, que ficou famosa e até virou uma espécie de folclore na região, mostra um borrão ao fundo que parece uma pessoa muito, muito grande. Falaremos disso depois.

O importante, aqui, é que essas fotos foram recuperadas pela equipe de resgate enviada à região e formada por membros da polícia e do exército soviético, na busca pelos estudantes, já que o telegrama, prometido por Ygor Dyatlov, NUNCA chegou.

A família até esperou um dia ou dois sem se preocupar, já que o atraso era previsto, mas no OITAVO dia após o combinado e sem notícias, as autoridades foram avisadas de um possível sumiço. Até aí, embora muito preocupados, não havia um, digamos, desespero das famílias, porque todos eram treinados e altamente experientes nesse tipo de percurso. E você lembra que eles passaram alguns dias juntando equipamentos e suprimentos? 

Acho que o que as pessoas poderiam estar achando naquele momento era que algum obstáculo tinha impedido o grupo de ir em frente e, também, de voltar atrás, então eles poderiam estar acampados e esperando pelo socorro que evidentemente viria, a partir da falta de notícias.

Vale dizer que antes de as autoridades irem lá procurar, a própria escola em que o pessoal estudava chegou a fazer uma busca, mais superficial, e não encontrou nada. Aí, quando a polícia e o exército chegam, a primeira coisa que eles encontram, já quase totalmente coberta de neve, é a barraca do grupo.

Eu nunca participei em um resgate desse tipo, mas minha imaginação me diz que quando uma barraca de acampamento está semi-coberta pela neve, quem busca as pessoas já deve imaginar que elas estão mortas lá dentro. Só que… não.

E foi justamente o que o resgate NÃO encontrou dentro da barraca que tornou o caso tão misterioso e considerado ainda sem solução, mesmo quase setenta anos depois.

Nessa altura do campeonato, ninguém mais acreditava que encontrariam sobreviventes, o que de fato não ocorreu. E o Yuri três, aquele que passou mal e voltou para casa, em vez de seguir com o grupo, foi muito importante no reconhecimento dos corpos e das roupas, já que a busca pelos amigos só foi finalizada DOIS MESES DEPOIS, quando o último corpo foi encontrado, e a explicação para o que teria acontecido ficou ainda mais improvável.

Porque é o seguinte: o grupo estava todo espalhado, longe do acampamento, e isso já era uma doideira, porque um dos muitos objetivos de fazer esse tipo de expedição em grupo é a defesa, mesmo, contra ameaças. Se você está sozinho no meio de uma floresta de neve, tem um grau de risco, mas se está com dez pessoas, esse grau de risco, ainda que exista, diminui bem, concorda?

Então o que faria um grupo se separar justamente na hora mais perigosa de todas?

E algumas das circunstâncias relatadas pela equipe de resgate e pelos laudos médicos de autópsia não responderam nem essa e nem outras perguntas sobre o assunto.

Por exemplo: a barraca estava toda rasgada de dentro pra fora, com os pertences de todo mundo lá dentro. Se a ameaça externa fosse, sei lá, um urso, ou ela estaria rasgada de fora pra dentro, como se o urso estivesse tentando pegar as pessoas, ou todos os corpos estariam lá dentro, e não espalhados pelo perímetro.

Os cinco primeiros corpos a serem encontrados tinham diferentes ferimentos, mas, no geral, estavam parcialmente nus ou com roupas leves, em um frio que podia chegar a menos trinta graus celsius. A posição de dois deles dava a entender que eles estavam voltando para a barraca quando morreram, e não fugindo dela. Eles não tinham sinais de violência física, de luta, e a causa da morte foi dada como hipotermia.

As outras quatro vítimas, que só foram encontradas quase dois meses depois, estavam em um estado bem mais bizarro. Eles estavam meio que soterrados pela neve, e a neve conservou os corpos. Aí, o que esses corpos disseram era uma história diferente de sofrimento.

Uma das meninas estava sem a língua, ainda que tivesse o resto do rosto intacto, e um dos caras tinha os olhos saltando das órbitas. Isso era só o começo. Uma quantidade esquisita de radiação também foi encontrada no corpo dessas vítimas, que estavam com a pele cinza ou laranja, parecendo um Oompa Loompa, e, aí, a hipótese da avalanche, que já parecia meio irreal, caiu por terra.

Isso porque não houve registro de avalanche naquele período, e não era algo comum de acontecer naquela região. Todos os membros do grupo eram preparados para esse tipo de ocorrência e uma coisa é eu estar lá e ser pega por uma avalanche, eu que nunca fiz uma expedição e não sei nem quais são os sinais, ou se há sinais de que isso vai acontecer, tipo os pássaros voando para longe do mar antes do tsunami, e outra é aquela gente toda ali que SABIA o que estava fazendo ser surpreendida por uma avalanche do nada.

A princípio, ela explicaria como alguns corpos estavam destruídos, pela força de uma avalanche, e os que estavam mais ou menos conservados integralmente poderiam ser os dos que tentaram fugir, mas morreram eventualmente de hipotermia. 

Mas essa teoria de causa da natureza não explica a falta de língua em uma das vítimas, a radiação, alguns tipos de ferimentos por lesão repetida que um dos corpos apresentou e nem o fato de que, enquanto alguns estavam seminus, outros usavam roupas de outros participantes do grupo, como foi testemunhado pelo Yuri três, aquele que voltou porque estava passando mal.

Ele conseguiu reconhecer, pelas fotos, que uma pessoa estava usando o casaco de outra, por exemplo. E tinha gente sem sapato, aquela confusão, que não se explicava em um cenário de avalanche. Mesmo porque estava frio pra caramba, vamos lembrar, e mesmo dentro da barraca eles permaneceriam aquecidos, para o caso de terem que sair correndo.

OU SEJA.

Aí, meus amigos, a gente também tem que lembrar que o ano era cinquenta e nove, União Soviética, pós-guerra, Estados Unidos e URSS se enfrentando em diversos níveis, incluindo a corrida espacial, socialismo e capitalismo, um cenário em que não faltaram teorias de crime de espionagem, teste de bombas e operações secretas militares que acabaram ferindo alguns deles de morte e que culminaram com o assassinato dos demais.

Então, vamos falar dessas e de outras teorias a respeito do Dyatlov Pass.

A primeira, da avalanche, é POSSÍVEL, mas não é provável. Tanto que outras cem expedições que passaram pelo que hoje conhecemos como Passo Dyatlov, que é o pedaço do caminho onde o grupo morreu, ocorreram sem nenhum sinal de avalanche. Não é comum na região. 

Nesse conflito de anos entre os Estados Unidos e a União Soviética, os testes militares foram tidos como a segunda hipótese para o que aconteceu aos nove jovens. Realmente tem registros de que os soviéticos faziam testes com bombas naquela região e naquela época, e essa teoria explicaria a radiação excessiva em alguns dos corpos, principalmente se os testes fossem feitos com armas biológicas.

Só que, nesse sentido, TODAS as vítimas teriam esse rastro de radiação e a pele alaranjada, e não apenas metade. Afinal, os elementos radioativos se espalham muito rápido quando livres, e também demoram um tempo para fazer efeito, dependendo do elemento químico em questão.

Ao longo dos anos, algumas pessoas que participaram das investigações disseram à mídia que viram máquinas fotográficas e diários serem achados e confiscados pela força militar que participava dos resgates. Aí, as fotos que apareceram e que estão por aí até hoje, e as anotações que se tornaram públicas, seriam apenas UMA parte da verdade, e que o exército soviético teria mantido sob sigilo essas outras documentações. 

Só que a URSS caiu em mil novecentos e noventa e um, trinta e dois anos atrás, e esse é um caso que deixa a Rússia, país onde ocorreu o caso Dyatlov, em maus lençóis ATÉ HOJE. As questões políticas e militares levantadas por muitos especialistas acerca do que pode ter acontecido aos jovens poderiam ser facilmente respondidas com a liberação de alguns documentos que, pro Putin de dois mil e lá vai coisa, não fedem nem cheiram. 

O que nos faz imaginar que, TALVEEEEZ, nenhuma evidência secreta é revelada simplesmente porque não existe, e toda essa coisa dos testes militares não passe de apenas uma hipótese, mesmo.

Porque tiveram outras teorias e tenho certeza que para essas duas vocês NÃO estão preparados.

Uma delas credita ALIENÍGENAS pelo que aconteceu aos estudantes naquela noite. É sério. Algumas pessoas tratam o episódio como uma abdução que falhou e por isso os Aliens teriam dado fim a qualquer testemunha. OI? 

Eu só fico pensando, se existe uma civilização por aí tão ou mais evoluída que a gente e que tenha rompido todas as barreiras físicas e temporais para vir aqui fazer uma visitinha, por que escolheria um grupo de pessoas tão específico e por que, na TENTATIVA de uma abdução, fugiriam sem levar ninguém?

Nessa linha de coisas que não fazem sentido, o Discovery Channel também saiu com uma teoria bizarra, a de que teria sido um YETI, ou o nosso famoso ABOMINÁVEL HOMEM DAS NEVES, que teria matado a galera. Isso porque ao redor da barraca tinham pegadas enormes e assimétricas, incompatíveis com pés humanos, e que, ao avistar esse monstro se aproximando da barraca, todos teriam fugido em pânico. Por isso a barraca estava rasgada de dentro pra fora e por isso alguns estavam com roupas impróprias para o clima frio.

Tipo, chegou o YETI, bora vazar, não dá tempo de levar o casaquinho. 

Ah, e ainda tinha aquela foto, lembra? Aquela em que um borrão no fundo levava a acreditar que talvez uma das câmeras tenha capturado imagens de uma figura sobre-humana. Mas, depois que as fotografias foram colocadas em uma ordem cronológica, as autoridades chegaram à conclusão de que era apenas uma brincadeira dos jovens.

Nos últimos anos, principalmente na última década, o interesse público pelo mistério do Dyatlov Pass fez com que especialistas e cientistas levantassem outras possibilidades para o incidente. 

Ei dois mil e treze, um livro escrito pelo cientista Donnie Eichar, chamado Dead Moutain, traz à tona um elemento físico que, apesar de raríssimo, não seria impossível. Para ele, um vento atinge a montanha que seria o destino final do grupo e cria um negócio chamado vórtice de Von Karmán, que, falando bem superficialmente, seria uma espécie de repetição de redemoinhos, similar a uma antena de um carro em alta velocidade. 

Caso tenha ocorrido, esse vento em vórtice seria o suficiente para atingir o grupo, causando sons de nível baixo, ou infra-sons, que em humanos é capaz de induzir a ataques de pânico. Os cachorros emitem infrassons, assim como os elefantes, e é por isso que eles escutam aquele apito que só eles escutam, sabe?

Pra se ter uma ideia, o infrassom é estudado há meio século como forma de aprimorar, digamos assim, as armas de guerra, já que, para além dessa confusão mental causada pelo pânico, ele pode, em tese, destruir construções em concreto e até estourar órgãos humanos.

Então, se o grupo tiver sido pego de surpresa por um vórtice em infrassom, possivelmente teria saído da barraca às pressas, em desespero, puro pânico, e quando a coisa toda passa e eles voltam ao normal, estão desorientados pelo escuro e frio e acabam se perdendo e falecendo de hipotermia.

E aí que, no meio desse frio absurdo, pode acontecer algo que os cientistas chamam de desnudamento paradoxal, que é quando a sensação de frio é tão desesperadora que, ao invés de botar mais roupas, a pessoa tira as roupas que já veste, o que explicaria alguns corpos quase pelados serem encontrados por ali. 

Ainda que explique algumas possibilidades, como a da falta de roupas, barraca rasgada por dentro e locais diferentes em que as vítimas foram encontradas, essa hipótese nunca foi tratada como causa em potencial para o incidente. Mesmo porque OUTRAS evidências, como a pele de coloração diferente, radiação, etc. 

E também não explicaria uma peculiaridade que o Yuri três, o sobrevivente, notou quando viu as fotos dos corpos dos amigos, e tem a ver com aquilo que disse lá no início, sobre confiar nas pessoas que fazem expedição com você. 

Nos registros médicos, seis das vítimas tiveram como causa da morte hipotermia, e apenas três demonstravam lesões físicas compatíveis a algo mais brutal. Quando os corpos foram encontrados, Yuri viu que alguns usavam as roupas dos outros. É como se os primeiros tivessem morrido de hipotermia e os demais, ainda vivos, tivessem pego para si os casacos dos mortos, já que não havia mais nada a fazer além de tentar sobreviver.

É ÓBVIO que ninguém sai de casa pra uma aventura entre amigos considerando que vai todo mundo morrer, ou que pelo menos algum membro do grupo vai morrer, mas deve ser mega difícil ver que seu amigo morreu e que você pode ser o próximo, principalmente se não catar as roupas dele. Eu não sei, mas tudo isso exige um nível de confiança no outro que eu não sei se a gente teria com desconhecidos, sabe? Pode não fazer sentido nenhum pra muita gente, mas a dor de deixar o corpo de um amigo para trás, nu, em uma floresta de neve, e tentar seguir com aquelas roupas deve fazer um enorme estrago mental, mesmo em face ao desespero que é tentar sobreviver em condições extremas.

Enfim, divaguei. Mas foi isso: uns usavam as roupas dos outros e NENHUMA das hipóteses anteriores explicaria todos os fatores juntos. Vamos contar:

Um: barraca rasgada de dentro pra fora.

Dois: todos os pertences dentro da barraca, incluindo os de frio.

Três: corpos espalhados por um raio de quinhentos metros.

Quatro: alguns estavam seminus enquanto outros vestiam roupas de frio dos colegas.

Cinco: dois corpos serem encontrados em posição de volta para a barraca.

Seis: quatro corpos serem encontrados enterrados na neve e com lesões graves.

Sete: radiação excessiva nas roupas e nos corpos dos que foram enterrados na neve. 

Oito: as pegadas incompatíveis com pés humanos ao redor da barraca.

Em dois mil e dezenove, quando o caso completou sessenta anos e o governo russo abriu uma investigação, por clamor público, e chegou NOVAMENTE ao acidente por avalanche, dois cientistas suíços trouxeram à tona uma nova hipótese que, segundo eles, explicaria alguns desses pontos e outros mais.

Para Alexander Puzrin e Johan Gaume, especialistas no assunto, uma avalanche DE PLACA seria a causa de todo incidente. Elas acontecem, segundo eles, quando o vento deposita neve nova sobre o chão que já está coberto de neve e que, nisso, as duas neves, digamos assim, não iriam se misturar. Então, formariam placas, camadas.

Elas não ocorrem com frequência. Os cientistas explicaram que cerca de dez por cento das avalanches são assim, mas que essas são mais letais que as grandes avalanches, porque elas são mais discretas. Nem grandes entendedores da neve, como Ygor Dyatlov, são capazes de prever sua ocorrência ou vê-la se instaurando, já que ela ocorre pouco a pouco.

Essa teoria ganhou ares de conclusão do caso porque Alexander e Johan, que são do Laboratório de Simulação de Neve e Avalanches da Escola Politécnica de Lausane, na Suíça, pegaram todos os arquivos meteorológicos do caso e notaram uma inconsistência interessante nos laudos da região. Durante todos esses anos foi dito nos programas que falam sobre o incidente que o local onde a barraca foi encontrada estava a um ângulo de vinte e três graus em relação à montanha, mas os estudos recentes mostram que esse ângulo é, na verdade, de vinte e oito graus.

Pode parecer pouco, mas, no caso de uma avalanche de placas, faria toda a diferença, já que o declive era mais acentuado e favoreceria que as novas camadas de neve desprendessem sutilmente as velhas camadas, debaixo.

Pelo que entendi, na teoria dos cientistas, essa avalanche já estava acontecendo quando eles chegaram e fizeram uma escavação para montar a barraca, e continuou em curso até que, de forma bem sutil, as placas foram se desprendendo até culminar em uma avalanche mais acentuada.

Eles fizeram as simulações no computador e viram que os ferimentos dos corpos seria compatível a uma avalanche de placa, dependendo da posição em que cada um estava no momento do impacto, e que o fato de ter olhos saltando das órbitas e a língua arrancada de uma das meninas pode se explicar pela ação de animais, especialmente ursos. 

Quanto à radiação, a explicação ainda não existe. Nem os cientistas, o governo ou qualquer outro órgão conseguiu, até hoje, responder à pergunta. Esse é só mais um dos mistérios que devem deixar o Dyatlov Pass mais e mais sedutor para estudiosos, curiosos e peritos a cada ano que passa.

Por fim, vale citar que foi levantada a hipótese de que o grupo inteiro tenha sido assassinado pelo povo MÂNSI, que vivia na região, mas que tanto os ferimentos das vítimas quanto o histórico dessa tribo tornaram a hipótese insustentável.

Contudo, não podemos nos esquecer que, de certa forma, eles fazem parte do incidente do passo Dyatlov. Afinal, foram os MÂNSI que avisaram ao grupo sobre os espíritos da floresta e como era perigoso incomodá-los, ao risco de serem pegos em uma armadilha do sobrenatural.

Cada um acredita no que quiser, mas eu deixo vocês com uma informação e uma pergunta: as investigações deram conta de que, ao ver, no primeiro dia, que teriam obstáculos meteorológicos pela frente, o grupo seguiu a deixa de Ygor Dyatlov e mudou o percurso – dessa vez, indo parar em um trecho conhecido, desde sempre, como o caminho para a MONTANHA DA MORTE. A pergunta é: como um montanhista experiente, conhecedor da região, e líder de um grupo igualmente treinado cometeria um erro de percurso que, a princípio, seria grotesco, de tão bobo, toma uma decisão tão… EQUIVOCADA?

De todos os mistérios que envolvem o Dyatlov Pass há quase um século, para mim, ESSE é o maior deles.

Fontes:

https://super.abril.com.br/ciencia/dyatlov-cientistas-propoe-solucao-para-um-dos-casos-mais-bizarros-do-seculo-passado/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Incidente_do_Passo_Dyatlov

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/62-anos-depois-pesquisa-inovadora-que-pode-resolvido-o-misterio-de-dyatlov-pass.phtml

https://noticias.r7.com/hora-7/fotos/dyatlov-investigacao-do-caso-mais-sinistro-do-seculo-20-sera-reaberta-08022019#/foto/16

UM PODCAST COM MISSÃO

Escute agora

CONTATO

Para propostas comerciais, sugestão de casos ou para elogios ou até mesmo reclamações, preencha o formulário.

Casos Reais Podcast · 2022 © Todos os direitos reservados.