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O mito do instinto materno é capaz de escandalizar uma sociedade quando, por livre e espontânea vontade, uma mãe é negligente com a própria vida de seu filho. Será que toda mulher nasceu pra ser mãe? 

No Casos Reais de hoje, a história trágica e brutal de Ana Lívia e Stefany. 

Se você é mulher e deseja ser mãe, se você é mãe, e mais do que isso: se você tem alguma criança na sua vida que é muito amada, o episódio de hoje pode mexer com você de um jeito diferente.

A história de hoje é um caso brasileiro que aconteceu no ano passado, em 2021. Por ser muito recente, é um caso que ainda está em andamento, mas pela repercussão da história e pela brutalidade do que aconteceu, nós conseguimos ter acesso ao relato do investigador principal desse caso e tudo o que for dito nesse episódio tem respaldo jurídico e investigativo.   

Esse caso nos trouxe tanta curiosidade que nós acreditamos que ele é um bom ponto de partida para discutirmos a noção de que a mulher nasceu para ser mãe ou que toda mulher apresenta esse instinto materno, de amor e proteção. 

24 de agosto de 2021. Belo Horizonte, Minas Gerais. Um homem, ao entrar na sua propriedade que havia alugado para um casal, sente um cheiro forte, muito forte. Ao entrar na sua propriedade, tentou entender de onde vinha aquele cheiro quase insuportável e encontrou uma mancha de sangue no banheiro. Continuou procurando a origem daquilo e decidiu olhar os outros cômodos.

Ao entrar no quarto, encontrou um saco enrolado debaixo da cama. Dentro dele, havia um corpo em estado de decomposição. O homem decide ligar imediatamente para polícia. Quando os investigadores chegaram ao local, eles removem o corpo e levam para o IML fazer as análises, porque como ele estava num estágio avançado de decomposição, não era possível saber exatamente de que corpo se tratava. 

Quando o médico legista dá o seu parecer, uma surpresa: aquele corpo era de uma criança. Aninha, a filha do casal que havia alugado a casa. Ela só tinha 10 anos. O laudo constatava que aquele corpo havia sofrido múltiplas violências e que isso levou a criança a morrer. 

Ana Lívia Almeida Contarini era filha de Deborah Almeida da Silva, de 31 anos; e enteada de Lucas Melo da Silva, de 25 anos. A família morava de aluguel em um barracão na cidade de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, local onde seu corpo foi encontrado pelo proprietário do barracão, Ivanildo.  

Vou abrir um parêntesis aqui e explicar pra vocês o que é um barracão. Basicamente, o barracão fica em uma estrutura montanhosa. As ruas podem contar ou não com cobertura de asfalto. A estrutura lembra muito a de algumas comunidades que nós temos no Rio de Janeiro, por exemplo. No caso do barracão alugado pelo Ivanildo, ele possuía três cômodos e dois andares. Era uma casa pequena. Na parte de cima, morava Evanildo. Na parte de baixo, morava Deborah, Lucas e Ana Livia. 

Deborah era filha de pais separados e tinha alguns irmãos. A sua relação com a família não era muito boa, havia uma rivalidade muito grande entre ela e sua família e por isso eles não se davam muito bem. Já Lucas foi classificado pelo seu próprio pai como uma pessoa perturbada e que apresentava falta de lucidez em alguns momentos. O casal havia se conhecido há menos de um ano por intermédio de uma amiga de Lucas, da época de escola. Essa amiga é enteada do pai da Deborah. 

Lucas e Deborah invariavelmente acabaram se encontrando em encontros de família da sua amiga, e por intermédio dessa amizade eles começaram o relacionamento. Ou seja, era um namoro recente. Mas eles já haviam morado juntos em várias casas e nunca fixavam um endereço específico. Estavam sempre se mudando. Ao serem questionados por conta disso, Lucas e Deborah diziam que a razão para se mudarem tanto seria por conta de vizinhos invejosos. Aparentemente essa animosidade com os vizinhos se dava pelos maus tratos às crianças.  

Ao ser questionado sobre os seus inquilinos, Ivanildo contou para a polícia que Lucas era um conhecido do trabalho que havia procurado por ele para pedir para alugar um lugar para morar. Ivanildo disse a Lucas que tinha esse barracão disponível, mas ele era um pouco distante do lugar onde eles trabalhavam. Lucas disse que não era problema algum, pois ele e sua família estavam precisando encontrar um lugar pra morar, então estava tudo certo. 

Quando Ivanildo detalhou todas essas coisas para a polícia, os investigadores foram atrás de mais informações sobre Deborah e Lucas. Eles descobriram que Debora, além de Ana Lívia, tinha mais uma filha chamada Stefany, mas Stefany também não era filha de Lucas. O fato chamou a atenção dos policiais militares e de Ivanildo, já que ninguém sabia da existência de uma outra criança. 

Naquele mesmo dia, ao entardecer, a polícia decidiu dar continuidade às investigações indo à casa da mãe de Deborah, ou seja, a avó materna de Ana Lívia e Stefany, com a esperança de encontrar tanto a Deborah quanto o Lucas. Quando os policiais chegaram, a mãe de Deborah os recebeu e dividiu mais algumas informações com a polícia. Naquele momento, ela contou que não tinha uma boa relação com Lucas e que não apoiava o relacionamento dos dois, porque era tudo muito conturbado entre eles. Eles brigavam muito, se desentendiam o tempo todo e aquele relacionamento não era uma coisa saudável. 

Também foi revelado, nessa visita, que Lucas havia comentado com a mãe de Deborah alguns dias antes que ele incorporava uma entidade espiritual, mas ele não entrou em mais detalhes sobre isso. Ela achou muito estranha a quantidade de policiais em sua casa e perguntou se havia acontecido algo grave com a sua filha ou com as suas netas. Os policiais deram a notícia de que Ana Lívia havia sido assassinada e a avó, visivelmente triste, começou a chorar muito e ficar revoltada com aquela situação. 

Os policiais decidiram, então, voltar para a delegacia e refazer o seu plano: agora, eles precisavam ir atrás de algum endereço onde Lucas pudesse ser encontrado. Foi no bairro Castanheira que Lucas foi encontrado pela polícia e levado para a delegacia.  Nós não sabemos ao certo como isso aconteceu, mas pelo que nós entendemos, a polícia já possuía alguns registros de possíveis localizações onde o Lucas poderia ser encontrado (trabalho, casa de amigos, casa de parentes etc) e foi assim que eles seguiram em busca tanto do Lucas quanto da Deborah.

Assim que Lucas foi encontrado, a policia o levou para a delegacia. Deborah não estava com ele. Questionado pelos policiais, Lucas disse que Deborah provavelmente estaria no hospital, em uma consulta, porque ela estava grávida e estava perdendo líquido amniótico.

A polícia seguiu até o sétimo andar do hospital. Ao encontrarem com o médico responsável, os policiais perguntaram a gravidade do caso de Deborah, que prontamente disse que estava tudo sob controle e que não haveria perigo nenhum ao bebê se eles a abordassem. Eles encontraram com a Deborah e a levaram até a delegacia. 

Naquela altura, os policiais já tinham duas preocupações em mente: A primeira era localizar a Stefany e, a segunda, garantir que ela estivesse viva. Por conta da visita da polícia à casa da mãe da Deborah, o pai biológico de Ana Lívia e Stefany ligou para a polícia para saber o que havia acontecido e foi aí que ele soube tanto da morte de sua filha mais velha, quanto do perigo que se tinha da filha mais nova ter tido o mesmo destino.

A questão é que Lucas havia dito há alguns minutos atrás que Stefany estava com o pai biológico, mas o pai biológico havia acabado de ligar para policia para saber o paradeiro de sua filha mais nova. A policia decidiu então ir ao encontro de Rafael para dar continuidade às investigações. 

Rafael disse que não via sua filha menor, Stefany, há cerca de seis meses, por conta de uma medida protetiva que Deborah conseguiu na justiça contra ele. O pai biológico das meninas foi então levado até a delegacia para depor, enquanto Lucas respondia as perguntas da polícia. 

Ele confessou que estavam os três em casa: Deborah, ele e Ana Lívia. E que Deborah e Ana Lívia estavam discutindo por alguma razão. Num determinado momento, a criança empurrou a mãe e ela, por ser gestante, acabou caindo no chão. Lucas ficou consternado com aquela situação e acabou espancando a menina de maneira extremamente violenta, usando inclusive de cabo de vassoura. 

Minutos depois, os dois, Lucas e Deborah, decidiram jantar enquanto a menina agonizava no chão de casa. Ana Lívia morreu no chão de casa, depois de ser brutalmente violentada por seu padrasto, enquanto ele jantava. 

A primeira preocupação de Lucas e Deborah foi esconder dos vizinhos o que havia acontecido. Como eles moravam em um lugar comandado pelo tráfico, se chegasse ao conhecimento do traficante o que havia acontecido com a menina, eles sofreriam uma enorme consequência e poderiam receber uma punição severa. Por isso, eles decidiram sair o mais rápido que conseguissem daquela casa e abandonaram o corpo da forma como ele foi encontrado por Ivanildo. 

Bom, a equipe de policiais e investigadores estavam divididas em três partes: a primeira parte estava com Lucas, a segunda parte com Rafael e a terceira parte com Deborah, que por sinal, não dizia absolutamente nada à polícia. Em um determinado momento, ela disse aos policiais que queria conversar com Lucas. Os policiais questionaram o porquê de ela pedir para conversar com ele, e ela só repetia que esse direito não poderia ser negado a ela. 

Como Deborah estava grávida e estava muito obstinada em falar com Lucas, os policiais acharam melhor conceder isso a ela. Eles levaram a Deborah ao encontro de Lucas e a primeira coisa que ele perguntou a ela foi: é menino ou menina? Tudo isso indica que naquela consulta ela saberia o sexo do bebê. Mas Deborah ficou o tempo todo em silêncio e não respondia nada. 

Depois de algumas tentativas, Lucas mudou o discurso. Disse a Deborah para que contasse aos policiais a verdade sobre a Stefany. Deborah continuava calada e os policiais resolveram tirá-la daquela sala. 

Deborah então, junto aos policiais, confessa que Stefany estava morta. Ela havia morrido em Contagem, também em Belo Horizonte, e Deborah a enrolou em uma manta e pegou um uber. Ela fez isso para que o uber não desconfiasse que a menina estava morta, e por isso disse que ela estava apenas dormindo. Quando chegou a casa de Lucas, Deborah deu sua filha nas mãos dele e ele jogou o corpo da Stefany em uma ribanceira muito íngreme e muito grande. 

Ao ser questionada sobre a morte da Ana Lívia, Deborah disse que representava um sacrifício pela boa saúde da criança que ela estava gerando. E que Stefany teve o mesmo destino porque a entidade que Lucas incorporava disse que ela era culpada pela perda da primeira gravidez. Deborah foi levada para o presídio feminino Estevam Pinto e o Lucas foi levado para o Ceresp de Contagem.

De dentro da cela, Lucas fez um desenho para os policiais indicando exatamente onde o corpo de Stefany foi deixado. Esse desenho batia com o lugar que eles já haviam falado para a policia anteriormente, naquela ribanceira. Numa diligencia, Lucas foi levado até lá com o corpo de bombeiros e cães farejadores, mas o corpo de Stefany nunca mais foi encontrado.

Antes que vocês questionem, nós buscamos algumas informações sobre uma possível violência sexual do Lucas para com as meninas, mas isso nunca foi confirmado pela policia durante as investigações, então nós não podemos afirmar que isso aconteceu. Lucas inclusive disse que os policiais poderiam fazer exames no corpo de Ana Livia para comprovar, e que ela dizia a todo tempo que desejava que ele fosse seu pai. Mas é claro, não sabemos se isso é verdade. 

Os policiais não acreditam na versão de Lucas a respeito da entidade ser incorporada no seu corpo e ser a mandante de todos os crimes. Na verdade, o que a polícia acredita, é que ele não aceitava o fato de Deborah ter duas filhas com outro homem e por isso inventou tudo aquilo. 

Eles respondem por homicídio triplamente qualificado, majorado por se tratar de menor de 14 anos, e no caso da mãe ainda há o agravante pela relação materna; pelo crime de ocultação de cadáver e também tortura. 

O juiz irá determinar se esse crime irá a júri popular, mas tudo indica que sim.

Que história, hein? É muito forte quando você se depara com uma brutalidade sem tamanho como essa. Te vejo na próxima semana!

ROTEIRO: HANNAH RAMOS

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