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Você conhece a frase: Jesus é top, o que estraga é o fã clube? Pois é. 

Enquanto, a cada dia, mais e mais pessoas tentam buscar e pregar os ensinamentos de Jesus, outras interpretam a Bíblia de maneira a favorecer os seus próprios instintos. 

No Casos Reais de hoje, a história de Warren Jeffs, o líder de uma seita que chocou o mundo. 

Vocês estavam pedindo muito esse caso, até por conta do documentário da Netflix, que ficou em alta por algumas semanas, então eu tive que trazer essa história! Vocês é quem mandam nesse podcast! 

Falar de um caso como esse é super delicado, porque envolve a fé das pessoas. Mas tudo o que for falado aqui, hoje, será baseado em fatos; e não em suposições do que estava acontecendo. 

Esse episódio vai falar de um assunto muito delicado. Por conta disso, de antemão, eu já quero esclarecer algumas coisas aqui: não somos contra nenhum tipo de religião e respeitamos a fé de cada um. O episódio de hoje vai tratar de um lado extremo, onde um criminoso usou a religião para benefício próprio, para enganar pessoas, para manipular os seus fiéis e para cometer crimes. E é sobre isso que está fundamentada a nossa crítica, combinado?

A gente sabe que a religião possui um papel fundamental na nossa sociedade, porque ela nos insere na coletividade e muitas vezes é através da religião que as pessoas conseguem superar as maiores dificuldades da vida. 

Por outro lado, o que nós queremos mostrar aqui hoje, é um lado avesso a tudo aquilo que a gente sabe. E que as religiões, se mal interpretadas, se mal conduzidas, se mal administradas, podem ter um lado perverso. 

A gente não pode deixar de avisar também que esse conteúdo é muito sensível e pode dar gatilhos. Hoje nós vamos falar de pedofilia, de abuso sexual, de incesto e por aí vai. Esse caso é realmente muito difícil. 

Mas vamos lá. A história que nós vamos contar, hoje, diz respeito a um grupo da Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (FLDS), uma igreja que surgiu através da religião mórmon. Essa religião, assim como toda religião, tinha alguns preceitos que as pessoas seguiam, algumas práticas. 

Dentre essas práticas estava a poligamia. Eles acreditavam que quanto mais mulheres um homem tivesse, mais perto ele estaria de Deus. Então eles casavam e mantinham relação sexual com várias mulheres ao mesmo tempo. Mas nós vamos chegar nesse ponto!

Agora falando especificamente sobre as mulheres, a gente precisa falar sobre algumas coisas. Bom, primeira coisa é que todas elas usavam o mesmo traje: longos vestidos, sempre retos, que tapavam todas as partes do seu corpo. O cabelo precisava ficar preso. Apesar de as mulheres serem completamente sexualizadas no dia a dia e serem verdadeiras servas dos homens, suas roupas serviam como uma “maquiagem” sobre o que de fato acontecia lá dentro. 

Dentre todas as obrigações impostas, elas tinham que ser submissas e rezar muito. Inclusive, em uma das paredes, estava escrito o seguinte: rezem e obedeçam. Não preciso nem dizer que elas estavam proibidas de sair de lá, né? Pra elas, o mundo real era aquele, e não o que estava do lado de fora do rancho que viviam, no Texas. 

Mas aí você me pergunta: Érika, mas alguma delas já havia tentado sair? O que acontecia? Simplesmente a punição máxima: eram excomungadas pelo profeta, o líder da religião, e não podiam levar seus filhos com elas. Inclusive eles eram ou traficados ou abandonados. 

O episódio de hoje tem um personagem principal: Warren Jeffs, que em 2002 se tornou líder dessa igreja fundamentalista em sucessão ao seu pai. 

Jeffs é filho de Rulon Jeffs e Marilyn Steed. Seu pai foi criado como membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e nomeado apóstolo sumo sacerdote. Rulon morreu aos 92 anos, com aproximadamente 73 esposas e 65 filhos. De acordo com alguns estudiosos que se debruçaram sobre esse caso, é possível que a maioria das esposas de Rulon eram menores de idade. 

Jeffs assumiu a liderança do grupo em 1986. Depois de praticamente uma semana da morte de seu pai, ele havia se casado com quase todas as mulheres viúvas. Uma delas, Rebecca Wall, negou-se em casar com Jeffs e fugiu do complexo, para mais tarde se casar com o sobrinho dele. Naomi Jessop foi uma das primeiras esposas de Rulon a se casar com Warren, tornando-se sua esposa favorita e confidente.

Jeffs especificamente ensinou que um membro devoto da igreja deve ter pelo menos três esposas para entrar no céu, e quanto mais mulheres um homem tiver, mais perto estará da glória. Digamos que ele levou isso bem à sério. 

A gente não vai, nesse episódio, fazer um resumo do que aconteceu no documentário da Netflix, até porque ele não foi o único a fazer sucesso sobre esse caso. Além do “Rezar e Obedecer”, existe o “Preaching Evil: A Wife on the Run”, o “Warren Jeffs: Profeta Fora Da Lei”, o “Warren Jeffs: Profeta do Mal”, dentre muitos outros filmes e documentários. 

Na verdade, a gente escolheu contar a história do Jeff a partir de uma perspectiva super interessante, de uma de suas filhas: Rachel Warren. 

A Rachel tinha apenas oito anos quando começou a ser vítima de abuso pelo pai. Quando ela se deu conta de aquilo que estava acontecendo era de fato um crime, ela abandonou a igreja em 2014 e decidiu contar tudo o que ela viveu sob o comando do Jeffs, escrevendo um livro chamado “Filha do Profeta”.

Numa das entrevistas que ela deu, de divulgação do livro e, consequentemente, da sua história, ela disse o seguinte: 

“Depois de eu ter saído, muitas pessoas que também tinham saído da igreja tentaram me contactar e queriam ouvir a minha história. Achei que todas aquelas pessoas tinham o direito de saber como era realmente a pessoa que eles acreditavam que era um bom homem. Foi por isso que decidi escrever a minha história, para todas as pessoas que estão na igreja e que saíram. E também para ajudar todas as pessoas que passaram por uma experiência complicada, para saberem que conseguem ser boas pessoas e terem sucesso apesar do que lhes aconteceu”.

Rachel nasceu em 1983 em Salt Lake City, nos Estados Unidos. Ela é a filha mais velha da segunda mulher de Warren Jeffs — que, no total, teve 78 mulheres e 53 filhos. A família da Rachel fazia parte da elite da igreja. O seu avô, Rulon Jeffs, era o líder da na época e ele era chamado de Profeta, o homem eleito por Deus para passar os seus “ensinamentos”.

Eles formavam uma família grande, onde todas as crianças cresciam juntas, em comunidade. Viviam todos na mesma casa e dividiam os quartos com as outras crianças que tinham mais ou menos a mesma idade. Deviam ser tantas crianças juntas que essa era a forma de organizar, né, por idade. E uma outra curiosidade contada pela Rachel é que eles chamavam de mãe todas as mulheres, independentemente de serem as mães biológicas. 

Eles tinham uma vida super controlada. Cada pessoa tinha uma tarefa a ser executada e quem atribuía a tarefa era Jeff, o pai, logo no início do dia.  As mães e crianças eram divididas em grupos. Enquanto uns ficavam encarregados da limpeza, do preparo das refeições e demais tarefas domésticas, outros passavam o dia lavando e passando as roupas. Tudo, é claro, com muita subserviência. Ninguém questionava o pai. 

As crianças também estudavam em uma escola privada mantida pela Igreja, que era dirigida pelo próprio Warren Jeffs. Lá, eles tinham aulas de matemática, história, ciências, literatura e inglês, e também aprendiam sobre a Igreja Mórmon. 

Era muito importante que, desde cedo, as crianças aprendessem a cobrir o corpo. As meninas usavam vestidos que pareciam túnicas e eram obrigadas a fazer tranças específicas no cabelo. Cada formato de rosto tinha uma trança mais apropriada. 

O contato com o mundo exterior era uma outra coisa perturbadora. Na verdade, era praticamente inexistente. Eles viviam o mundo deles, literalmente; e eram convencidos de que as pessoas, que a vida fora daquela realidade, eram perversos. Eles eram os escolhidos de Deus e deviam ser agradecidos por não fazer parte do resto do mundo. 

Rachel dizia que aquilo era passado pra eles como se fosse o normal, como se fosse a verdade. E que eles deveriam de fato se sentir privilegiados por ter uma criação como aquela e uma grande família que vivia em comunidade. 

As coisas começaram a mudar quando ela tinha 8 anos de idade e seu pai começou a abusar dela. Jeffs inclusive levava Rachel às livrarias para mostrar pornografia pra ela. Ele a deixava na seção infantil, ia até a área permitida apenas para adultos, escolhia o livro que queria e trazia de volta. Ele mostrava aquelas páginas cheias de conteúdo 18+ para a filha e, mesmo que ela não quisesse olhar, ele segurava a sua cabeça na direção das fotos e obrigava que ela visse. 

Rachel dizia que se sentia super envergonhada e com medo que as outras pessoas da loja vissem que ela não queria olhar pra alguma coisa, porque saberiam que aquilo era estranho, no mínimo. Por isso, ela sempre obedecia. Pra evitar problemas. Às vezes, ele a levava de volta pra casa, tirava a roupa e fazia ela imitar a posição das fotos. 

Rachel morria de medo, mas mesmo assim tomou coragem e contou para a mãe o que estava acontecendo, mas não adiantou nada. Ela até o enfrentou, mas depois nunca mais disse nada. Provavelmente a mãe também era ameaçada por ele. Anos depois ela descobriu que não era a única filha vítima de abuso.  

Com 16 anos, ela escreveu uma carta para o Jeffs, dizendo que não gostava daquilo, que ela se sentia muito mal e odiava passar por isso. Ele pediu o seu perdão e não voltou a abusar dela. Mas ela já tinha 16 anos.

O problema é que, dois anos mais tarde, Jeffs decidiu casar Rachel e mais uma irmã, Becky, com os guardas do avô, que era o profeta até então. A cerimônia das meninas foi realizada pelo próprio pai. Elas não conheciam os maridos, só de vista. 

Rachel começou a fazer parte de uma família polígama, porque o seu marido já tinha duas mulheres e alguns filhos quando eles casaram. Mesmo tendo crescido numa casa com várias mulheres e saber da existência da família poligâmica, Rachel conta que as cenas de ciúmes eram super constantes e não havia tanta irmandade assim. 

O marido decidia com quem passava a noite e, enquanto isso, as mulheres que não eram escolhidas maltratavam os filhos da que foi passar a noite com o marido. Os ciúmes só paravam quando uma delas engravidava, porque aí não era permitido ter relações sexuais. 

Rachel conta que quando seu avô morreu, seu pai dizia que foi nomeado diretamente por Deus. Aos poucos, conforme os anos iam passando, a vida foi ficando cada vez mais engessada, mais rigorosa. Cada detalhe era percebido. 

As mulheres não podiam mais escolher as cores das suas roupas, elas eram obrigadas a usar cores em tom pastel; Jeffs dizia que recebia uma revelação de Deus dizendo que as pessoas não podiam mais comer certos tipos de comidas, como chocolate e batatas, por exemplo; obrigou as mulheres e crianças a rezarem de hora em hora, de joelhos, e por aí vai.

Mas no ano de 2008, a sorte de Jeffs começou a mudar.

Naquele ano, as autoridades do Texas receberam uma ligação de uma menor de idade que dizia estar casada com um homem mais velho e que tinha um filho. Mas o telefonema era falso. A pessoa nem sequer estava lá. Mas a polícia foi atrás do endereço que deram no telefonema, levaram todas as crianças e as separaram das suas mães. 

Rachel conta que foi tudo muito doloroso, que ver aquilo acontecer foi triste demais. Mas algumas das crianças que estavam sob custódia do estado conseguiam vez em quando ligar pra lá em segredo, então eles acabavam tendo notícias. Por conta disso, os casamentos com menores de idade acabaram. 

Graças a esse dia, a polícia conseguiu recolher algumas provas e acusaram Warren Jeffs de abuso sexual de menores. Na verdade não foi nada difícil: Jeffs mantinha vários registros de como era a sua vida, seja através de vídeos, de cadernos e por aí vai.  Os investigadores leram tudo o que ele havia escrito, incluindo descrições dos abusos sexuais. Era curioso que, durante esses abusos, Jeff invocava a Deus. Foi fácil provar todos os crimes.  

O Estado descobriu detalhes sobre as 78 esposas de Jeffs, inclusive que muitas delas tinham sido esposas de Rulon, o pai de Jeff, antes dele morrer. Eles também apresentaram provas de todos os casamentos polígamos que ele tinha celebrado, das famílias que tinha desfeito, dos homens que mandou embora e de abusos sexuais cometidos contra a crianças, incluindo as suas próprias esposas menores de idade.  

No dia 9 de agosto de 2011, o júri levou menos de uma hora para decidir a sentença: prisão perpétua.

Se você pensou que a condenação iria parar Warren Jeffs, você está enganado! 

Ele continuou a enviar mensagens para os membros da sua comunidade com as revelações de Deus que ele recebia diretamente da prisão. E, segundo ele, Deus exigia cada vez mais coisas. As pessoas só podiam começar a vestir pelo lado direito, era proibido sorrir porque o riso passou a ser considerado pecado, não podiam mais ingerir alimentos com leite, cebolas e alho e tinham de beber um copo de água a cada meia hora. 

Ele não parou por aí e acabou separando várias crianças dos seus pais, que foram acusados de crimes que não cometeram. Rachel foi uma dessas pessoas. Jeffs acusou Rachel de ter tido relações sexuais com o seu marido quando estava grávida e os filhos foram afastados deles.

Rachel, até então, tinha suportado tudo. Menos ficar sem seus filhos. Decidiu então abandonar a igreja. Na verdade, ela já queria ter feito isso antes, mas não tomou a decisão porque iria perder o amor da sua família.  Ela pediu ajuda para duas de suas irmãs que não moravam mais lá, ou seja, que haviam abandonado a igreja, e conseguiu resgatar seus filhos e se salvar daquele pesadelo. Dia 31 de dezembro de 2014 foi a data da sua fuga. 

Trinta e um anos depois, ela finalmente estava livre. Mas nem por isso o pai a deixou em paz. Volta e meia os seus tios tentaram entregar mensagens de Jeffs, mas ela não queria saber mais dele, obviamente. Isso só parou mesmo quando ela falou para o FBI dessas tentativas. 

Rachel recomeçou sua vida do zero junto com os cinco filhos. Ela começou a dar aulas de violino para se sustentar e está casada com Brandon, um ex-membro da igreja. 

Ela nunca mais frequentou nenhuma igreja, mas continua tendo fé, acredita em Jesus e lê a Bíblia. Mas nada além disso. 

Warren Jeffs continua cumprindo sua sentença de prisão perpétua na Unidade Louis C Powledge, uma prisão localizada no Texas. Tudo indica que ele ainda dirige a FLDS e continua exercendo influência sobre seus membros, diretamente da prisão.

Enquanto algumas das esposas permaneceram firmes na igreja depois da prisão do Jeffs, outras acabaram se voltando contra ele e contra tudo. Em agosto de 2021, a CNN noticiou que a Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ainda possuía uma irmandade de 10.000 membros que residem em Utah, Colúmbia Britânica e vários estados do sudoeste americano.  

FINAL DO EPISÓDIO

Observação importante: nesse episódio, nós não estamos criticando as formas de relacionamentos não monogâmicos. Nós estamos criticando incesto, pedofilia, abuso sexual e manipulação com fins religiosos, ok?

Não esqueça de compartilhar nos stories que você ouviu o nosso episódio, hein! Tô te esperando lá!

Te vejo na próxima semana com mais um caso!

Roteiro: Hannah Ramos

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