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Mudança de nome, assassinato, incesto, mentiras e muita crueldade. Se você tem sangue frio e não tem medo de ser surpreendido por uma história tão densa e cruel, fica aqui comigo nesse episódio.

INÍCIO DO CASO

Em uma noite chuvosa, no dia 25 de abril de 1990, em Oklahoma, nos Estados Unidos, três homens estavam em um carro, na estrada, a caminho de um motel. Em um determinado momento do trajeto, encontraram um sapato azul no meio da rua. Sem entender muito bem o que aquele sapato significava, eles continuaram. E alguns metros adiante, estava uma mulher, à beira da estrada, convulsionando no chão.

Lá estava ela, a protagonista da nossa história de hoje, deitada de bruços, com seus braços e pernas se movendo em direções diferentes. Logo, chamaram a ambulância e a levaram para o hospital. Depois de meia noite, ela deu entrada. Assim que chegou, seu marido, que se chamava Clarence Hughes, a identificou: Tonya Hughes estava à beira da morte. 

Ela tinha um traumatismo craniano, e estava em estado grave. Ela precisava imediatamente ser levada para a UTI e fazer tratamentos intravenosos com remédios que pudessem controlar tudo o que estava acontecendo no seu organismo. 

Não precisou de muito tempo para que os profissionais de saúde desconfiassem que aquilo não havia sido consequência de um atropelamento. Aquilo ali era, sem sombra de dúvidas, algum tipo de crime. Mas a única pessoa que poderia resolver esse mistério não sobreviveu. Horas depois, veio a notícia de sua morte. Tonya não resistiu ao que acabava de ter acontecido, seja lá o que tenha de fato acontecido. Ela só tinha 20 anos. 

Era uma mulher linda, inteligente, gostava de estudar, de conversar e amava seu filho Michael. Ele era uma criança de apenas dois anos. A partir daquele momento, Michael precisaria ser enviado a um lar adotivo. No dia seguinte da morte de Tonya, ele havia conseguido a liberação da justiça. Seus novos pais tinham como nome Merle e Ernest Bean. Eles ficaram com Michael, que era uma criança muito assustada e muito perturbada. 

Uma curiosidade sobre esse momento era que em todo o tempo, Clarence, o pai, o tentava pegar de volta. E, pela justiça, ele tinha direito a fazer visitas ao seu filho. Todas as vezes que o pai de Michael chegava, ele se escondia atrás do sofá e gritava: “homem mau, homem mau”.

Era óbvio que tudo aquilo era muito estranho para os pais adotivos. Por que Michael tinha tanto medo do seu pai biológico? Mesmo com essa pulga atrás da orelha, jamais desconfiaram do que estavam prestes a descobrir. Em uma manhã, a assistência social ligou e pediram para que Merle e Ernest levassem Michael para fazer um teste de paternidade, que confirmou que Clarence não era pai do menino. Ele acabou perdendo todos os direitos de paternidade sobre Michael, mas não o desejo de ter o menino novamente com ele. 

Na mesma semana, a picape de Clarence passou em frente a casa de Merle e Ernest e ele dirigia pausadamente, encarando a nova mãe de seu filho. Ela ficou com medo e sentiu que alguma coisa ruim estava por acontecer e avisou à assistência social, que não deu ouvidos e achou que a nova mãe do menino estava paranóica.

No dia 12 de setembro de 1994, Clarence invadiu a escola de Michael e sequestrou o garoto e o diretor da escola. O diretor foi deixado amarrado em uma árvore por Clarence, dentro de uma floresta, e a criança foi levada junto com ele. Logo, uma investigação precisou ser aberta e alguns fatos precisaram ser apurados. Quem era Clarence? Porque, depois de ter sido descoberto que não era pai de Michael, ele sequestrou o menino?

Na investigação, a polícia e o FBI descobriram que Clarence Hughes, na verdade se chamava Franklin Floyd, e que ele usava muitos pseudônimos: Tranton Davis, Warren Marshall e Clarence Huges. Nessa investigação, descobriram que em 1962 ele havia sequestrado uma menina, além de roubado um banco e agredido uma outra mulher. Ele já havia passado 10 anos na prisão e ficou desaparecido por 17 anos.

Por conta do sequestro de Michael, a história de Tonya Hughes apareceu em todos os noticiários. A mãe do menino e sua morte, há 4 anos atrás, era associada em todas as reportagens. Foi em uma dessas transmissões que Jennifer Fisher, a melhor amiga de Tonya, da infância, se deparou com a sua foto na televisão. Ela imediatamente ligou para a policia e disse que não, esse não era o nome dela. Na verdade, Tonya se chamava Sharon Marshall. 

Sharon Marshall era vista por suas amigas do ensino médio como uma estudante ambiciosa e muito dedicada, que havia sido aceita no Instituto de Tecnologia da Georgia e sonhava em ser engenheira aeroespacial. No entanto, naquela época, os amigos de Sharon já percebiam que seu pai era um homem estranho, e que as vezes parecia ser completamente inadequado com a filha. 

Na mesma época em que foi aceita no Instituto, Sharon relatou a sua amiga que estava grávida, e que teria o bebe e o colocaria para a adoção, mas que não iria para o Instituto de Tecnologia porque seu pai jamais a deixaria estudar lá. 

O homem, no caso era o próprio Franklin Floyd — e que, nesse período, era chamado de Warren Marshall. Quando as autoridades disseram, anos após a morte de Sharon/Tonya, que o sequestrador da criança era o marido dela, a amiga que a reconheceu no noticiário ficou incrédula, porque sabia que aquele homem, na verdade, não era seu marido. Era seu pai.  

O agente do FBI responsável pelo caso descobriu que em 1989, um ano antes da morte da mãe de Sharon, eles mudaram seus nomes. Sharon, anos depois, havia se transformado em Tonya Hughes. E então, Clarence e Tonya se casaram com seus novos nomes em Nova Orleans, o que significa que esse homem, Franklin Floyd, se casou com sua própria filha. Ou melhor: forçou sua própria filha a se casar com ele. E que Sharon, provavelmente, havia nascido na época em que Floyd havia sido preso. Seria ela sua filha biológica ou ela teria sido mais uma vítima de sequestro por Floyd? E mais: o que aconteceu com Sharon Marshall nesse período entre a saída do ensino médio e sua morte?

Heather Lane, uma mulher que trabalhava em uma boate de strip, conheceu Sharon nesse período. Segundo Lane, Sharon era uma mulher “muito tímida” e que “não falava sobre ela mesma”, mas que se prostituía porque seu ‘pai’ havia dito para ela fazer isso, e tinha lhe comprado preservativos. Ouvir aquilo foi nojento, dizia Heather. Ela não podia acreditar que um homem colocaria sua filha naquela situação.

Na verdade, era muito mais do que isso: ele abusava sexualmente da própria filha.

Então, em 1995, Franklin Floyd foi encontrado pela polícia e foi preso pelo sequestro do pequeno Michael. Depois de fugir da lei por tanto tempo, ele foi condenado a 52 anos de prisão, sem direito à liberdade condicional, pelo sequestro do menino. 

A picape do diretor da escola, roubada no dia do sequestro, foi encontrada. Nessa picape, tinha fotos da Sharon quando pequena e de mais uma mulher, que nunca havia sido mencionada. A pericia investigativa logo foi acionada e descobriram que se tratava de Cheryl Commeso, uma dançarina da boate que Sharon trabalhava. 

Ao irem atras de mais informações, descobriram que Floyd estava obcecado por Cheryl e a perseguia compulsivamente. Tinham relatos de pessoas que trabalhavam com elas, vizinhos e conhecidos mais próximos. Descobriu-se que Floyd também matou Cheryl e, por esse motivo, fugiu da Florida. 

Os restos mortais dela foram encontrados no mesmo lugar onde Floyd amarrou o diretor da escola de Michael, no meio da floresta. Não demorou muito para a policia juntar todos esses achados e concluírem que a mulher também havia sido morta por Floyd. Por conta disso, ele foi condenado a homicídio duplo qualificado, com pena de morte.

Nesse meio tempo, um jornalista investigativo e autor chamado Matt Birkbeck decidiu começar a escrever a história de Sharon e transformar em um livro. A repercussão foi tão grande que ele recebia, diariamente, e-mails de vários cantos dos Estados Unidos. Todos queriam saber de fato quem era Sharon e qual era a sua verdadeira história, por trás de toda aquela polêmica sobre seu filho. 

Até que em um desses dias, Matt recebeu um e-mail que mudaria o curso de tudo. Nesse e-mail, estava escrito o seguinte: se você tivesse o DNA da filha da Sharon, te ajudaria a descobrir mais sobre a história dela? 

Quem havia enviado esse e-mail era Megan, e ela sempre soube que foi adotada. Lendo o livro de Matt, descobriu muito mais coisas sobre sua mãe biológica do que havia imaginado. Quanto mais ela lia, mais triste ela ficava. 

Megan foi levada para adoção assim que nasceu. Clarence e Tonya foram até um escritório de advocacia dizendo que não tinham como sustentar mais um filho. Ele manipulava toda a conversa e não deixava Tonya falar. Seis semanas depois, Megan nasceu. Tonya foi proibida  por Floyd de ver sua própria filha. 

Com essa nova informação em mãos, o FBI precisava agir. 

Dois agentes foram, então, para a Flórida entrevistar Franklin Floyd, mas ele estava irredutível. O FBI treina muito bem os seus agentes para todos os tipos de casos, ainda mais se a pessoa envolvida, se o criminoso, não quiser ceder às investigações. Depois de usarem de várias táticas de oratória e maneiras de abordar os assuntos, Floyd acabou confessando que matou Michael com dois tiros na nuca. 

Ele havia atirado em Michael no mesmo dia em que o sequestrou, e o corpo nunca havia sido encontrado. Como eu havia falado, essa foi uma entrevista muito passional e cheia de estratégias pelos agentes do FBI. No documentário da Netflix eles falam muito sobre isso e como foi esse dia. Foi aí que, então, um dos agentes perguntou qual o nome ele tinha na época em que conheceu Sharon, ele disse: Brandon Cleo Williams.

Eles nunca haviam achado nenhum registro desse nome vinculado a Floyd antes. E só essa informação abriria um leque de possibilidades sobre muitas outras informações que eles precisavam para conhecer verdadeiramente a história de Sharon. 

Eles vasculharam tudo, e finalmente encontraram a certidão de casamento vinculada a esse nome. Descobriram que ele foi casado com Sandra Willet. Eles foram atrás de Sandra e ela estava viva. Disse que conheceu Floyd quando ela estava lidando com transtorno de estresse pós-traumático depois que um tornado destruiu o trailer onde ela morava com seus filhos. 

Ele havia prometido cuidar dela e de suas crianças, mas começou a fazer coisas assustadoras, como carregar uma faca o tempo todo e dizer a ela: “Você acha que vai me deixar? Isso não vai acontecer”. Um dia, Sandra precisou comprar fraldas para os filhos e fez um cheque sem fundo em uma loja de conveniência. Ela foi condenada a 30 dias de prisão.

Nesse momento, foi quando ele levou seus filhos. Enquanto ela estava cumprindo sua sentença de prisão em 1974, Floyd deixou duas das suas filhas em um orfanato e foi embora com Sharon que, na época, se chamava Suzanne Marie Sevakis. Ela não seria conhecida como Suzanne novamente por mais 40 anos.

Depois de todas essas coisas, você deve estar se perguntando como essas pessoas estão atualmente, né?

Vamos começar pelo Floyd. Ele ainda está vivo e já tem 79 anos, aguardando execução na Union Correctional Institution em Raiford, na Flórida. 

Existe uma fila com mais ou menos de 300 prisioneiros antes dele no corredor da morte, mas até o momento nenhuma data foi definida.

Jennifer Fisher, a amiga que reconheceu Suzanne no noticiário, manteve um perfil bem discreto, principalmente nas redes sociais, e pouco se sabe sobre o que ela faz atualmente. Pelas informações que nós apuramos, ela ainda se encontra na Geórgia.

Megan, a filha de Suzanne, foi adotada por Mary e Dean Dufresne. Atualmente vive em Ponchatoula, Louisiana, com seu marido, Jacob Dufreche. Eles têm dois filhos juntos, e um deles se chama Michael em memória de seu irmão. No documentário da Netflix, Megan falou sobre a importância de tentar descobrir tudo o que estava acontecendo com ela porque tinha certeza de que sua história ajudaria outras pessoas. Atualmente ela trabalha como coordenadora de pesquisa em uma clínica esportiva e possui mestrado em cinesiologia e ciência do exercício. 

Sandra e Cliff, os verdadeiros pais de Suzanne, ainda estão vivos. Eles se separaram logo depois de Cliff ter voltado do Vietnã e Sandra ter começado a se relacionar com Floyd. Desde então, Sandra ficou longe da atenção do público, dando apenas uma entrevista para o documentário da Netflix. Cliff atualmente vive em Bellevue, Washington, com sua esposa, Jan. Eles têm dois filhos juntos. Ele dirige uma empresa de marketing. Embora Cliff nunca tenha tido um relacionamento com sua filha Suzanne, ele gostaria der ter maior proximidade com Megan, sua neta.

FINALIZAÇÃO DO CASO

Ainda há muito o que ser respondido. Por exemplo: como Suzanne foi morta? Essa é a única coisa sobre a qual Floyd não fala – e talvez seja a mais perturbadora de todas. Quem sabe com essa nova repercussão do caso e a reabertura pelo FBI das investigações, nós não teremos noticias sobre o que aconteceu com ela?

É por isso que eu acredito muito nesse trabalho de formiguinha que a gente faz aqui no Casos Reais. Todas essas iniciativas colaboram de alguma forma.

Uma outra questão sobre esse caso é que, em 2017, a lápide de Suzanne, que até então exibia o nome “Tonya”, foi alterada para seu verdadeiro nome. E Sua filha Megan, alguns parentes, amigos e profissionais que estavam trabalhando no caso, fizeram um funeral em sua homenagem. 

De fato, “A Garota da Foto”é um documentário de doer a alma, com uma história muito triste. 

Desde que ele estreou no catálogo da Netflix, ele se tornou um grande sucesso e segue gerando milhares de comentários no twitter, nas redes sociais e nos blogs especializados em true crime. A verdade é que esse documentário traz o pior do ser humano. 

Tudo em A Garota da Foto vai angustiando e trazendo você para um lado super doloroso. Mas a gente consegue perceber toda a história sendo conduzida sem qualquer tipo de sensacionalismo, o que é muito respeitoso.

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