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Um estupro coletivo seguido de dois assassinatos colocaria uma pequena cidade no mapa nacional: você se lembra da Barbárie de Queimadas?

Em fevereiro de dois mil e doze um crime hediondo destacaria no mapa brasileiro a cidade de Queimadas, na Paraíba: um estupro coletivo seguido da morte de duas mulheres. O crime, que ficou conhecido como a Barbárie de Queimadas, onze anos depois ainda desperta nossa revolta com o mentor do crime, Eduardo dos Santos Pereira, foragido desde dois mil e vinte.

O crime, que foi planejado por Eduardo, era um presente de aniversário. Exatamente: você não entendeu errado, a história é tão cruel, absurda e machista que parece até mentira.

Mas para a gente entender tudo que aconteceu em dois e doze e como aconteceu a fuga de Eduardo da prisão, precisamos ir até a cidadezinha de Queimadas.

Queimadas, também chamada de Cidade das Pedras, graças às bonitas formações rochosas que são atração do turismo de aventura, é um município brasileiro que fica no Agreste da Paraíba, a centro e trinta e três quilômetros da capital João Pessoa.

A cidade é um ponto de passagem para o Sertão e por isso recebe um grande número de viajantes passageiros, mas quem passa por lá logo percebe que está em um verdadeiro museu a céu aberto que une as culturas indígena, africana e portuguesa.

Apesar disso, o que viria a trazer o nome de Queimadas para as manchetes não tinha nada a ver com sua riqueza cultural e ecológica.

De dois mil e doze em diante, o Brasil se lembraria da cidade como palco do horror que foi a Barbárie de Queimadas.

Em poucos dias Izabella Pajuçara Frazão Monteiro será empossada no concurso público, e a celebração não poderia ser maior: a professora de vinte e oito anos foi aprovada em primeiro lugar.

Professora de Química e conhecida como professora Ju, por conta do seu sobrenome, Izabella se esforçava para dar conta das várias rotinas que muitas mulheres conhecem: além de lecionar e já ser pós-graduada, ela se dedicava aos estudos e começou um mestrado, cuidava da família, de si e dos amigos.

Izabella, ou a professora Ju, mora numa casa com a família, que inclui sua mãe e suas irmãs Izânia e Priscila. Na vizinhança, muita gente próxima e conhecida por gerações.

Para quem não conhece, Queimadas é uma cidade pequena, tem cerca de quarenta e quatro mil habitantes e é aquela coisa de conhecer os vizinhos, e por todo lado ter amigos e conhecidos.

Uma das amigas mais próximas da professora Ju e também da sua irmã Priscila é Michele Domingos da Silva, que tem vinte e nove anos.

Mais velha de seis irmãos, Michele ajuda nas contas da casa que vive com sua família com o trabalho como recepcionista em uma clínica dermatológica.

Como sua própria mãe fala, Michele  é alguém que sempre dá pra gente contar quando algo precisa ser resolvido.

Além de Izabella, Michele é alguém que está sempre rodeada de amigos, sendo próxima até mesmo da irmã mais nova de Izabella.

Em onze de fevereiro de dois mil e doze, Michele e Priscila foram à Igreja Matriz, antes de uma festa de aniversário de um amigo em comum, onde também estaria Izabella.

Luciano estava completando seu vigésimo segundo aniversário e a festa já estava marcada para o dia doze de fevereiro de dois mil e doze. O local seria na casa do seu irmão Eduardo, onde ele vivia com a esposa, Lilian e seus filhos: um menino de sete anos e uma menina de quinze.

Cidade pequena como Queimadas, a casa de Eduardo é vizinha à que Izabella e Priscila vivem e, por volta das nove e meia da noite, a festa começa. NA ENTRADA da casa de Eduardo está estacionado seu carro, servindo de caixa de som, bem alto e animando a festa que não tem hora para acabar.

Na festa estavam sete homens, que incluía Eduardo, Luciano, alguns amigos com idades variadas de adolescentes até a casa dos trinta, eram Abraão, Luan, Fernando, conhecido como Papadinha, Diego e Everton.

De mulheres haviam cinco, Lilian, a esposa de Eduardo, Sheila a namorada de Luciano, as irmãs Izabella e Priscila, Michele, Vânia e Joelma. Era uma festa normal, com amigos e conhecidos, gente que se via e um dos adolescentes fora até mesmo aluno da professora Ju.

Mas o ritmo de celebração estava prestes a cessar: pouco depois da meia noite quatro homens encapuzados de máscaras pretas e de carnaval entraram na casa, armados e renderam as pessoas, dizendo que aquilo era um assalto.

O pânico foi geral, as pessoas foram amarradas no fundo da casa, depois separadas e presas em pequenos grupos e cinco das mulheres foram estupradas. Duas delas foram levadas dali pelos assaltantes, além de dinheiro e os celulares das vítimas.

O caos parecia ter se instalado e quando os criminosos deixaram o local e uma das vítimas, Priscila, conseguiu sair da casa, sem encontrar sua irmã Izabella e sua amiga Michele, ela foi para casa, para pedir ajuda e contar o que havia acontecido.

A prioridade de Priscila, naquele momento, era encontrar as duas mulheres que foram levadas. Mas o horror ainda não havia chegado ao fim: Michelle fora encontrada baleada com quatro tiros ao lado da Igreja Matriz, onde ela fora à missa na noite anterior.Apesar de ter sido encontrada com vida, Michelle não resistiu aos ferimentos e veio a falecer no hospital.

Por volta de duas e trinta da madrugada, Izabella foi encontrada morta na caçamba de um carro, abandonado na rodovia que interliga Queimadas a Fagundes baleada com três tiros. Ela já estava morta. A história agora se desvenda num emaranhado que foi rapidamente desvendado pela polícia, porém, difícil de entender. Eduardo e Luciano deram parte na polícia sobre o crime, que prontamente passou a investigar e a buscar respostas.

A responsável pelo caso foi a Delegada Cassandra Duarte, que logo achou a situação muito estranha. Ter um caso de latrocínio, que é o roubo seguido de morte, ou mesmo de estupro seguido de morte são padrões comuns. Porém, um crime com tantos envolvidos juntar as duas coisas chegava a ser sem sentido. Alguma peça estava faltando.

O detalhe é que a estranheza não se restringia à impressão da polícia, as pessoas já comentavam que achavam a história sem sentido demais. É também por isso que uma das crenças populares da região se fez presente no momento do enterro.

Os corpos de Michele e Izabella foram velados e sepultados no fim da tarde de domingo, na Escola Ernesto Francisco do Rego, em que Izabella dava aula, e um dos tios dela e de Priscila, falou para colocarem uma moeda debaixo da língua de cada uma. Assim, se o culpado fosse alguém próximo, ele iria aparecer.

Um dos irmãos de Izabella, inclusive, chegou a abraçar o corpo da irmã, inconsolável e pediu várias vezes que ela se levantasse. Quando ele a soltou, porém, a camisa dele estava toda suja de sangue. Quando foram ver, tanto o corpo de Izabella como o de Michele estavam sangrando.

Para as pessoas presentes era a certeza de que o culpado estava por perto. E, para a polícia, também: um homem que estava acompanhando o enterro das vítimas foi preso naquele momento.

A rapidez com que a polícia agiu só foi possível graças à bravura de Priscila, irmã de Izabella e amiga de Michele, que deu seu testemunho à Polícia e a levou aos culpados pela barbárie. Das cinco vítimas sobreviventes do crime, o relato de Priscila viria a ser a base para a investigação da polícia, que já suspeitava de que haviam peças faltando na história contada pelos donos da casa em que acontecia a festa.

Priscila conta que foi depois da meia-noite que quatro homens entraram armados na casa, usando máscaras pretas e de Carnaval, alguns também com luvas pretas e renderam quem estava presente, as luzes foram apagadas e logo ela e as outras mulheres foram separadas e presas.

Com as mãos presas para trás das costas, Priscila tentou deixar as mãos o mais separadas possível, para que pudesse se soltar depois. Mas, por mais que ela tentasse, não conseguia se soltar para ajudar a ela, sua irmã e as amigas. A música estava alta demais e colocaram algo na boca delas, então ela só ouvia os murmúrios da sua irmã, que logo foi levada para dentro, junto de Michele.

Priscila não fazia ideia de para onde elas estavam sendo levadas e Lilian e Sheila logo foram levadas dali também. Quando Priscila foi levada por um dos homens, ela tentou lutar, mas ainda não conseguia se soltar. Foi quando estava lá que ela ouviu sua irmã gritar, dizendo “Eduardo, não, não faz isso, para que mainha não vai aguentar isso não”.

O desespero de Priscila só crescia, ela não conseguia se soltar, ajudar a si mesma, a irmã que gritava ou Michele, e o pensamento era só um: quem vai ajudar a gente?

Nessa hora, ela começou a rezar. Em voz alta. O estuprador xingou, bateu nela e a chamou de safada por estar rezando. A fúria de Priscila aumentou e ela conseguiu soltar suas mãos e começou a brigar com o agressor. Na luta, o agressor deu uma coronhada na cabeça de Priscila, que acabou caindo no canto do quarto e ela fingiu que estava desmaiada.

Foi quando ela percebeu que o silêncio se abateu na casa que ela se levantou e começou a procurar pela irmã e por Michele. Priscila procurou por todos os cantos, até debaixo das camas, mas nem sinal das duas. Foi aí que e ela viu Sheila e Lilian saindo juntas do banheiro e, em suas palavras abre aspas elas estavam normalzinha, como se nada tivesse acontecido com elas e tive um impacto, e elas perguntaram o que foi, o que tinha acontecido, você viu alguma coisa e perguntei cadê minha irmã e Michelle fecha aspas

Vânia e Joelma, que estavam presas em outro quarto saíram e também estavam descabeladas, machucadas, chorando e visualmente abaladas, assim como Priscila. Quando ela percebeu que não encontrava nenhuma das outras duas, ela saiu da casa e deu de cara com Eduardo.

Ele logo perguntou o que tinha acontecido e ela só respondeu que estava procurando por Izabella e Michele e saiu correndo para ir para a própria casa. Eduardo ainda gritou para ela perguntando o que ela ia fazer e ela gritou em resposta que ia para casa, contar pra mainha.

Na cabeça de Priscila, a verdade já estava escrita: ela sabia que tinha sido Eduardo. A preocupação dela naquela hora, porém, era encontrar Izabella e Michele. Priscila não contou esses detalhes nem mesmo para sua família antes de relatar à polícia. Ela queria ter certeza de que não seria perseguida e, especialmente, ela precisava se sentir segura.

Isso só foi possível graças ao acolhimento que ela recebeu da Delegada encarregada do caso, Cassandra Duarte, que agiu com rapidez. Vestida com colete à prova de balas, Priscila levou a polícia à casa de todos os acusados que ela conhecera e que ouvira a irmã chamar, como Eduardo.

Em menos de vinte e quatro horas depois do crime, quatro suspeitos já haviam sido presos e um seria preso no próprio enterro das vítimas.

Aqui é preciso entender que o depoimento de Priscila, com tudo que ela conseguiu ver e ouvir, foi decisivo para a ação da polícia. Junto a isso, outro fato se somava à sua narrativa: o laudo dos corpos de Michele e Izabella.

No documento que descreve o estado em que o corpo de Izabella foi encontrado, constava abre aspas pálpebras abertas, pupilas dilatadas, punhos amarrados, membros inferiores amarrados, meia branca tapando a boca, blusa parcialmente levantada, sutiã levantado com seios à mostra, poça de fluidos e sangue. fecha aspas.

O de Michele, citava tiros a curta distância, no rosto e estupro cometido com abre aspas violência física e psíquica, o óbtido foi produzido com requintes de crueldade”.

A mãe de Michele, hoje falecida, ainda viria a dizer que não queria nem mesmo ver o rosto da filha, que não teria forças, e destaca o fato de que até mesmo os dentes da filha foram quebrados pelo tiro.

Esse é o tipo de crime que, quanto mais sabemos sobre ele, mais os detalhes se revelam, mais estarrecedor fica. Com o depoimento de Priscila, as evidências coletadas na cena do crime e os laudos periciais foi possível que a polícia decretasse a prisão preventiva dos envolvidos. E foi vestida num colete à prova de balas, de domingo para segunda-feira depois do crime, que Priscila levou a polícia à casa dos envolvidos na barbárie.

Depois disso, o caso, que ganhara repercussão nacional, ainda tinha histórias a contar. Eduardo dos Santos Pereira tinha na época trinta e um anos e vivia na casa em que aconteceu a festa de aniversário com a esposa Lilian e seus dois filhos.

Ele sempre se apresentava como sendo comerciante e a história contado por ele desde o começo intrigou a polícia. O comportamento indiferente demais para um crime tão horrendo na sua própria casa não parecia condizente com alguém que era não apenas o dono da casa, mas também amigo de longa data de todas as mulheres que foram violentadas e mortas.

Eduardo não era apenas amigo de Priscila e Izabella, como também era ex-cunhado de ambas, porque foi casado com a irmã das duas, Izânia, antes do seu relacionamento atual. O mesmo vale para Luciano, que era amigo e conhecido de longa data da família e os detalhes não cessam com esses dois: Izânia e Priscila contam que a tia de Abraão, um dos envolvidos, era madrinha de Izânia.

Luan, outro nome que surge nos registros, era o fotógrafo da família de Izabella; Fernando, conhecido como Papadinha era conhecido do irmão de Izabella; Jardel já fora aluno também de Izabella, chegara a auxiliá-la nas atividades da classe e aparentemente era um menino tranquilo. O pai de Diego era amigo da família e se conheciam desde sua infância.

Afinal, estamos em uma cidade pequena, em que muita gente se conhece, muitas amizades são de longa data e passam por gerações. No dia da prisão de Eduardo, a polícia encontrou várias presilhas do tipo enforca gato, nas baias em que ele criava cavalos, iguais às que foram usadas para prender as vítimas. Foram encontradas também uma espingarda calibre 12, uma arma .40, sem munições, um revólver e um capuz.

As evidências só reforçaram o que o testemunho de Priscila já adiantava: o crime havia sido cometido por homens que eram amigos, conhecidos e próximos de várias maneiras das vítimas. Foi tecendo essa trama dos envolvidos que a polícia foi descobrindo onde é que a conexão sempre terminava, em um único nome: Eduardo.

E os interrogatórios só viriam a reforçar tudo isso: Fernando França, o Papadinha, chegou a dizer em uma entrevista que

Foi uma armação há uns quinze dia, armaro essa festa pra fazer isso. Só uma brincadeira, pra fazer um susto, pra mim não ia chegá nisso não

O relato por si só é repugnante pelo modo como relata o crime, e vou repetir porque não, você não entendeu errado, ele disse só uma brincadeira, pra fazer um susto.

Estupro, feminicídio e violência contra a mulher se tornaram nas palavras desse homem nada mais que uma brincadeira, um susto. Nada demais, porque na visão dele, o que deu ruim, o que chegou nesse ponto foi a morte e a consequente descoberta das ações. Não foi todo o crime que, inclusive, destaque-se foi premeditado.

Nos relatos dos interrogatórios, ainda aparece exatamente a menção de Luciano que, alegando não saber do combinado com antecedência, estava bêbado demais para cometer estupros e que o irmão logo disse para ele que se tratava de um presente de aniversário.

É isso.

Presente de aniversário.

Várias mulheres objetificadas, violentadas e mortas embrulhadas de bandeja de Eduardo para Luciano no seu aniversário de vinte e dois anos.

Segundo a Delegada Cassandra Duarte, os interrogatórios também deixavam claro que os dois irmãos tinham interesse sexual nas vítimas, especialmente em Priscila e Izabella.

Alegaram também, no mesmo tom da fala machista de Papadinha que tudo não passava de uma brincadeira, que não era para as coisas saírem do controle e chegarem naquele ponto.

Aquele ponto é a morte de duas mulheres, duas vidas irrecuperáveis, mas e toda a violência que se deu com todas as outras três vítimas e mesmo com Michele e Izabella?

Isso é brincadeira? Como homens adultos podem alegar algo assim?

No total, o Ministério Público denunciou dez homens pelos crimes, sendo Eduardo considerado o mandante. Eduardo é também o único que nunca assumiu nenhum dos crimes, quando todos os outros envolvidos, tanto maiores quanto menores de idade, confessaram e apontaram Eduardo como sendo o mentor.

Aqui, a gente precisa destacar que apenas dois dos homens que estavam presentes na festa não fizeram parte do esquema e foram mantidos presos.

Além de Lilian e Sheila que não foram abusadas, por serem esposa de Eduardo e namorada de Luciano, respectivamente, dois homens foram mantidos presos durante o crime, e eram exatamente os parceiros das duas outras vítimas de estupro: Vânia e Joelma.

A sentença saiu apenas em outubro de dois mil e doze, e condenou seis dos homens envolvidos no crime.

Luciano dos Santos, o aniversariante, foi condenado a quarenta e quato anos de reclusão, pelo estupro de quatro mulheres e a participação em mais um abuso sexual.

Fernando de França Silva Júnior, o Papadinha, foi condenado a trinta anos de prisão por estupro e colaboração para violência sexual de mais quatro mulheres.

Já Jacó Souza foi sentenciado também a trinta anos de reclusão, pelo estupro de duas mulheres e participação no de três vítimas. Em dois mil e vinte, em liberdade condicional, Jacó retornou para Queimadas e foi morto a tiros em uma madrugada.

Luan Barbosa Cassimiro foi condenado a vinte e sete anos de reclusão por estupro e participação em mais quatro.

José Jardel Sousa Araújo foi sentenciado também a vinte e sete anos e Diego Rêgo Domingues a vinte e seis anos e seis meses de reclusão por participarem dos cinco estupros.

Eduardo, como mandante do crime, foi o único que foi a júri popular, e foi sentenciado por prisão por dois homicídios, formação de quadrilha, cárcere privado, corrupção de menores, porte ilegal de armas e cinco estupros.

Esses crimes levaram a pena de cento e seis anos e quatro meses de reclusão e mais um ano de dez meses pelo crime de lesão corporal cometido contra um dos adolescentes envolvidos no crime.

Além dele, três adolescentes que estavam envolvidos no crime foram sentenciados a medidas socioeducativas.

Em dezessete de novembro de dois mil e vinte, dois meses depois da morte de Jacó em Queimadas, uma reviravolta inesperada reabriria o caso: Eduardo dos Santos Pereira fugiu da Penitenciária de Segurança Máxima Doutor Romeu Gonçalves de Abrantes, que fica em João Pessoa.

Eduardo, o mandante

Eduardo já estava na penitenciária cumprindo o oitavo ano da sua condenação centenária e, aparentemente, gozava de algumas liberdades, como trabalhar na cozinha do presídio. Os relatos constam que um funcionário esqueceu um molho de chaves numa bancada e que Eduardo teria aproveitado a ocasião para usar as chaves para sair pela porta lateral do presídio.

Parece até uma cena de fuga irreal dos filmes, mas foi isso, com as chaves ele abriu a porta e saiu caminhando calmamente, do que deveria ser uma prisão de segurança máxima. Até o fechamento desse episódio, não existem atualizações no caso que indiquem maiores esforços da polícia para prender o fugitivo.

A situação, que parece não ter engajamento da força policial, com Eduardo foragido há quase três anos, gera incerteza, insegurança e medo nas vítimas sobreviventes.

Nas palavras de Priscila, ela tem medo, mas o mais importante nesse momento é contar a história para preservar a memória dessas mulheres e deixar as pessoas cientes do que aconteceu.

Até hoje, os quase 50 mil habitantes de Queimadas lembram com tristeza do episódio. Eles gostariam que a cidade continuasse sendo conhecida pelas belezas naturais, mas é da barbárie que todos se lembram.

Por um lado, essa é forma que a cidade encontrou de honrar as duas jovens mortas e clamar por justiça, para sempre, não importa o quanto os acusados tentem fugir dela. A memória dessa noite triste também relembra não só os queimadenses, mas o país inteiro, da nossa constante luta contra o feminicídio e a objetificação feminina.

Queimadas é o lugar em que morreram Izabella e Michele, mas também é o lugar onde nasceu uma revolta popular capaz de eternizar a memória das duas, fazendo com que seu sofrimento jamais seja esquecido pelo Brasil. 

Se você conhece alguma mulher que esteja em situação de violência doméstica, cárcere ou abuso sexual, ou se É essa mulher, ligue cento e oitenta e denuncie. Sua ligação para a Central de Atendimento à Mulher pode salvar a sua vida e muitas outras que estejam em situação de risco.

Roteiro: Lais Menini

Fontes:

Episódio LINHA DIRETA

A Barbárie de Queimadas: Linha Direta – O podcast online no Globoplay

História – Prefeitura Municipal de Queimadas

Barbárie de Queimadas: nos 10 anos do crime, mentor do estupro coletivo e feminicídios continua foragido | Paraíba | G1 (globo.com)

Barbárie de Queimadas: relembre cronologia e investigação do crime | Paraíba | G1 (globo.com)

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