“Era um jeito de lembrar suas aparências, sua beleza física. Eu também queria manter … se eu não pudesse mantê-los lá comigo inteiros, eu pelo menos queria manter seus esqueletos.”
No Casos Reais de hoje, a história perturbadora de Jeffrey Dahmer.
Eu não sei se vocês assistiram a série que está super em alta na Netflix, mas desde o primeiro fim de semana do lançamento da produção dedicada ao Jeffrey Dahmer, ele não saiu mais das produções em alta! Mas ela não é a única. Existem várias outras obras, desde documentários, filmes, episódios de programa de TV exclusivamente dedicados a contar essa história.
Ah, e só para esclarecer: nós não vamos fazer uma resenha da série nesse episódio. O episódio é uma produção ficcional baseada na história. Aqui no Casos Reais, nós vamos falar sobre os dados encontrados sobre esse caso, as pesquisas realizadas, tudo o que já foi divulgado pela mídia e pelos portais investigativos que nós acompanhamos, então nós não abordaremos nada ficcional que aconteceu na série. Inclusive, se você quiser, pode escutar o nosso episódio antes de assistir a série e vice versa, porque em muitos momentos eles se complementam, ok?
Vamos começar então falando um pouco sobre a história de vida do nosso personagem de hoje. Jeffrey Lionel Dahmer nasceu no dia 21 de maio de 1960 em Milwaukee, Wisconsin. Ele era filho de Lionel e Joyce Dahmer. Muitas pessoas, ao falarem sobre esse caso, trazem um componente muito importante a ser observado, que é a questão racial e a discussão sobre o privilégio branco. Por que eu tô falando isso? Bom, a família do Lionel era uma família com características étnicas alemã, galesa, irlandesa e norueguesa. Por causa disso, Jeffrey era um cara loiro, de olhos claros, com a pele bem branca e dentro de um padrão étnico que lhe dava muitos privilégios sociais. Isso com certeza o influenciou na escolha das suas vítimas e mais do que isso, o livrou de muitas acusações por conta do tom da sua pele. Vocês já vão entender.
Quando Jeffrey ainda era criança, seus pais se mudaram com ele para Bath, Ohio, e tanto Jeffrey quanto seu irmão estudaram na escola do bairro, chamada de Revere High School. Nessa escola, Jeffrey era conhecido como uma criança “enérgica e feliz”, mas seu comportamento mudou muito ao longo dos anos.
Se a gente parar pra pensar, ele presenciava, dentro de sua casa, episódios de violência e situações de agressão entre seus pais, e isso pode ter influenciado de alguma maneira no seu comportamento. O casamento de Lionel e Joyce era muito conturbado, com brigas e gritarias frequentes ao longo dos anos.
Talvez por conta disso, conforme Jeffrey crescia, ele vivia uma vida onde seu núcleo familiar não o trazia nenhum tipo de segurança emocional, muito menos afeto. Seu pai estava sempre muito preocupado com as suas conquistas acadêmicas, já que era um pesquisador, e sua mãe, sofrendo a tantos anos com aquele relacionamento doentio acabou desenvolvendo doenças que a deixaram viciada em remédios.
Com 10 anos de idade, Dahmer passou a desenvolver alguns interesses estranhos para um garoto da sua idade. Em um dia, num jantar em família, eles estavam comendo frango e Jeffrey perguntou para o seu pai o que aconteria se eles pegassem os ossos daquele frango e colocassem dentro de um recipiente com alvejante. O pai encarou aquela pergunta como uma curiosidade de criança e resolveu demonstrar o que acontecia. Ele pegou o alvejante, os ossos, e todos os outros equipamentos necessários e mostrou para o Jeffrey que aquilo ali preservava com segurança os restos mortais dos animais, principalmente os ossos. Segura essa informação também!
De uma criança enérgica e feliz, Jeffrey passou a ser visto pelos colegas de escola como uma pessoa estranha. Na verdade, ele fazia umas brincadeiras para se entrosar entre os colegas, mas elas eram completamente incabíveis. Ele fingia que estava tendo ataques epilépticos pra chamar atenção e fazer as crianças rirem. O que era totalmente em vão, porque ninguém dava a mínima. Eu me assustaria, por exemplo!
O comportamento do Jeffrey começava, então, cada vez mais se tornar ameaçador. Com 15 anos, o rapaz desenvolveu o vício em bebida. Nessa época, na adolescência, ele já dissecava sozinho animais mortos que encontrava na estrada e tinha até um cemitério particular nos fundos de sua casa.
Jeffrey também começou a perceber alguns traços de sua sexualidade aflorarem. Ele entendeu que, ao contrário dos meninos da sua idade, tinha muito desejo por homens. Em uma de suas fantasias sexuais, ele imaginou deixar um homem inconsciente em um corredor vazio pra poder fazer uso sexual do seu corpo. Ele não conhecia esse homem, era só um cara que morava no seu bairro. E ele fantasiava nesse nível.
Em 1977, seus pais se separaram e, no ano seguinte, com 18 anos, depois de se formar no ensino médio, foi abandonado por sua mãe e deixado sem comida, sem dinheiro e com uma geladeira quebrada.
Três semanas depois, tudo indica que nosso personagem cometeu seu primeiro assassinato. Era 1978. Naquele momento, Jeffrey morava sozinho. No dia 18 de junho, ele viu o jovem Steven Hicks, de quase 19 anos, pedindo carona na beira da estrada enquanto estava dirigindo. Ele ofereceu ajuda ao garoto e o convidou a ir até sua casa para beber e se distrair um pouco.
Steven estava indo a um show na cidade vizinha, mas aceitou o convite e os dois ficaram bebendo e ouvindo música por algumas horas. Quando se deu conta, estava próximo da hora de ir, senão perderia o show. Steven levantou e disse que estava indo embora, mas Jeffrey não queria que ele fosse. Quando Steven deu as costas para sair, Jeffrey o acertou duas vezes com um haltere de 5 kg. Steven caiu no chão na mesma hora, completamente inconsciente. Jeffrey o estrangulou até a morte com a barra do haltere, tirou as roupas de Steven e se masturbou em cima do corpo dele.
No dia seguinte, ele levou o corpo até o porão e o dissecou, enterrando os seus restos mortais no quintal. Semanas mais tarde, ele exumou o corpo e retirou a carne dos ossos com uma faca. Dissolveu a carne em ácido, jogou tudo na privada e deu descarga. Ninguém sequer desconfiou.
Seis semanas depois, o seu pai e a sua nova madrasta o convidaram para morar com eles em Ohio e pediram para que ele se matriculasse na Universidade local. Jeffrey foi, mas ficou apenas um semestre. Naquela época, seu vício em bebida estava muito forte. Como ele desistiu da faculdade e precisava de mais disciplina na sua vida, seu pai insistiu para que ele se alistasse no exército. E ele foi. Na época, ele era conhecido como um soldado normal, sem fazer alarde, sem desrespeitar ninguém. Mas meses depois, dois militares afirmaram que teriam sido estuprados por ele. Um dos soldados disse que Jeffrey o drogou e estuprou seu corpo dentro de um veículo blindado. Depois dessas acusações, o problema com álcool retornou e o seu comportamento dentro do exército só foi piorando. Em 1981 ele foi dispensado e decidiu ir para Miami, onde conseguiu trabalhar em alguns lugares, mas semanas depois entrou em contato com o pai e pediu para voltar para casa.
Ele passou algumas semanas com o pai e a madrasta, e se mudou para West Allis, para morar com a avó. Num primeiro momento ele viveu bem com a avó, ajudava nas tarefas, ia com ela pra igreja e procurava emprego. Mas essa vida tranquila não durou muito tempo. Ele acabou sendo demitido e começou a viver às custas da avó.
Em janeiro de 1985, ele conseguiu um trabalho na fábrica de chocolate Ambrosia, em Milwaukee, das 19h da noite até às 7h da manhã. Ele trabalhava de madrugada e, então, antes de ir para o trabalho, começou a frequentar uma boate gay. Nessa época, aquelas fantasias sexuais, onde ele deixava a vítima vulnerável e se aproveitava sexualmente dela acabaram voltando. Ele colocava sonífero nas bebidas dos homens e depois os estuprava. Em agosto do ano seguinte, 1986, ele chegou a ser preso depois de se masturbar em frente a um garoto de 12 anos. Sem limites, né?
No dia 20 de novembro 1987, Jeffrey se encontrou com Steven Tuomi, um rapaz de 25 anos, e convidou a ir com ele para o Hotel Ambassador, onde havia alugado um quarto. Na manhã seguinte, ao acordar, Jeffrey encontrou Tuomi abaixo dele, na cama, morto, com o peito esmagado, e o corpo cheio de machucados. Ele não tinha qualquer lembrança do que havia acontecido, talvez por estar bêbado e drogado demais, mas sabia que ele tinha matado Tuomi. Para não ser pego pela polícia, ele resolveu se livrar do corpo do jeito que sabia fazer (e que fazia muito bem).
Comprou uma mala grande e colocou o corpo de Tuomi. Levou a mala de volta para a casa da avó. Uma semana depois, ele desmembrou o corpo, tirando as pernas, os braços e cabeça, e depois removeu a carne dos ossos, colocando os pedaços de carne em pequenos sacos plásticos e os ossos dentro de um lençol. Esmagou tudo com uma marreta e jogou os restos mortais no lixo.
O curioso é que Jeffrey, de alguma forma, se sentiu afeiçoado a Tuomi e nas próximas duas semanas, ele manteve a cabeça da vítima embrulhada em um cobertor para ficar de recordação. Posteriormente, ele ferveu a cabeça em uma mistura de detergente e alvejante para tentar preservar o crânio, que ele acabou usando como um estimulo para se masturbar. Tempos depois, o crânio foi se deteriorando e ele jogou fora.
Depois desse episódio, Jeffrey continuava procurar novas vítimas, especialmente dentro ou próximo a bares gays, levando-as para a casa da avó. Quando chegavam à casa, ele drogava suas vítimas antes ou pouco depois de iniciar um ato sexual com eles. Deixava a vítima inconsciente e as matava por estrangulamento. Ele fazia isso repetidamente e nunca era pego.
Em uma dessas vezes, Jeffrey levou um outro homem para sua casa e novamente repetiu seu modus operandi: drogou o rapaz no porão. Nesse dia, no entanto, ele ouviu sua avó gritando “É você, Jeff?”. Ele tentou responder calmamente, mas sua avó sabia que ele não estava sozinho. Jeffrey ficou nervoso e achou melhor espancar a vítima para que ela ficasse inconsciente mais rápido, ao invés de matá-la. Ele também o levou para um hospital e foi embora.
A relação que ele tinha com a sua avó já não estava mais dando certo. Em setembro de 1988, ela pediu para que ele se mudasse. Ela não aguentava mais ver ele trazendo todo dia um homem diferente pra casa dela, sem que ela soubesse quem era. Ela também reclamou do cheiro do porão, que estava ficando cada vez pior.
Jeffrey então se mudou para um apartamento de um quarto em umas ruas depois. No dia 26 de setembro de 1988, ele drogou e molestou um garoto de 13 anos, que ele havia levado para o seu apartamento. Os policiais descobriram o que ele tinha feito e Jeffrey foi preso. Em janeiro de 1989, foi condenado por agressão sexual em segundo-grau e incitar uma criança para fins imorais, mas a sentença por agressão foi suspensa em maio daquele ano.
Jeffrey voltou a morar com a avó, mas não parou de aliciar vítimas e mata-las. Dessa vez, ele chegou a uma nova prática: depois de drogar, estuprar, matar e dissecar, Jeffrey passou a guardar partes dos corpos, preservando a cabeça e o pênis em acetona.
Em 23 de maio de 1989, ele foi forçado a se registrar como um criminoso sexual na polícia. Mas depois de 10 meses, ele foi dispensado de passar a noite na cadeia e passou a ter liberdade condicional. Em maio de 1990, ele se mudou para um novo apartamento e, com ele, os restos mortais das suas vítimas.
Uma semana depois de se mudar, ele fez a sua sexta vítima. Raymond Smith era um prostituto de 32 anos. O modus operandi era exatamente o mesmo, mas, dessa vez, Jeffrey começou a fotografar com uma câmera polaroide o corpo de Raymond em posições sugestivas no banheiro. Ele continuou a fazer tudo o que já fazia, dissecando o corpo e dissolvendo em ácido antes de descarta-lo. Obviamente, ele guardou o crânio mais uma vez.
Dias depois, ele levou outra vítima para seu apartamento, mas sem querer trocou as bebidas e tomou a que estava contaminada com drogas. Ele caiu inconsciente e quando acordou, o homem que estava com ele havia sumido e ainda por cima havia roubado alguns pertences de Jeffrey antes de deixar o apartamento. Ele resolveu Não dar queixa na polícia, porque já estava encrencado demais pra arriscar.
Durante o processo, por algum tempo, Jeffrey continuava nessa rotina diária de conseguir vítimas e mata-las ao seu bel prazer. Mas seu comportamento ficava cada vez mais complexo. Ele beijava e conversava com o crânio da vítima, fazia as fotos, guardava os restos mortais que queria como recordação… era tudo muito doentio.
Talvez como uma maneira de ficar bem aos olhos dos agentes policiais, Jeffrey mantinha um contato aparentemente próximo, se abrindo a respeito dos seus sentimentos e da forma como estava se sentindo. Em uma dessas conversas, ele disse para o oficial que ele estava sofrendo de ansiedade e depressão; e volta e meia ele fazia referência a descoberta da sua sexualidade e seus problemas em se aceitar homossexual.
Mesmo assim, ele mantinha sua rotina criminosa. Em um desses crimes, ele quase foi pego pela polícia. Uma das vítimas não ficou inteiramente desacordada e, enquanto Jeffrey saiu para um bar, a vítima acordou dentro do apartamento e relatou tudo para as vizinhas, que chamaram a polícia. Chegando lá, a policia entrou no apartamento de Jeffrey, que já tinha voltado a essa hora, viu algumas fotos de homens nus e acreditou na história que Jeffrey contou, dizendo que eles eram amantes, desmentindo a própria vítima.
Era 1991 e os moradores do prédio onde Jeffrey morava reclamavam do forte odor que saía do seu quarto, além de barulhos de máquinas e objetos pesados sendo arrastados ou caindo no chão. O síndico contactou Jeffrey algumas vezes, mas ele afirmava que o cheiro vinha do seu freezer que constantemente quebrava e estragava sua comida. Ele sempre acreditava, especialmente sendo um cara branco, loiro, de olhos claros e aparência nórdica.
No dia 22 de julho de 1991, Jeffrey Dahmer se aproximou de três homens e ofereceu 100 dólares para que um deles o acompanhasse até seu apartamento. Ele sugeriu fazer um ensaio fotográfico nu, beber umas cervejas e conversar, passar um tempo. Um dos homens, Tracy Edwards, de 32 anos, aceitou. Quando entrou no apartamento, Edwards se assustou com o cheiro e percebeu várias caixas de ácido clorídrico no chão. Ele questionou Jeffrey, que disse que estava limpando algumas coisas com o líquido. Os dois conversarem um pouco, e Jeffrey aproveitou a oportunidade quando Edwards distraiu o olhar, colocando uma algema no seu pulso. Edwards perguntou o que estava acontecendo e Jeffrey disfarçou, algemando os pulsos deles juntos. Edwards então percebeu as fotos polaroides de homens nus coladas nas paredes e achou estranho que, na televisão, passava O Exorcista III, numa fita de vídeo. Ele notou um tambor azul de 215 litros, que era de onde saía o fedor. Ele sabia que estava em perigo e precisava fazer alguma coisa.













Ele decidiu seguir o fluxo, para que Jeffrey não desconfiasse. Desabotoou sua camisa, afirmando que ele faria o que estava sendo pedido se Jeffrey tirasse as algemas e guardasse. Mas Jeffrey, nesse momento, só olhava alucinado para o filme que passava na TV, e voltou sua atenção para a televisão. Ele balançava seu corpo para frente e para trás, como se estivesse em transe. Depois colocou o ouvido contra o peito de Edwards para ouvir a batida do seu coração, e disse que ia comê-lo.
Edwards, já ligado que precisava sair dali, decide acalmar Jeffrey, dizendo que não tentaria escapar. Pediu para usar o banheiro e depois perguntou se poderia ir para a sala e beber uma cerveja. Depois, ele pediu para usar o banheiro de novo e percebeu nesse momento que Jeffrey não estava com os pulsos presos às algemas. Ele tinha soltado o seu pulso, deixando a algema apenas no pulso de Edwards.
Foi então que aproveitou a situação e golpeou a cabeça de Jeffrey com muita força, e correu pra fora dali.
As 23h30 da noite daquele 22 de julho, Edwards encontrou com dois policiais, Robert Rauth e Rolf Mueller, na esquina da rua. Os policiais viram Edwards, um homem negro, num bairro com altos índices de criminalidade. Ele estava com um dos pulsos algemados e o outro lado da algema estava aberto. Os policiais se aproximaram desconfiados.
Edwards estava nervoso pelo que acabou de acontecer, a adrenalina nas alturas, e contou que havia sido vítima de um cara “maluco” que colocou algemas nele. Ele pediu para os policiais removerem, mas eles não conseguiram. Como eu disse, os policiais estavam desconfiados de Edwards por ele ser um homem negro, e pediram pra que ele voltasse ao apartamento onde ele havia passado as últimas horas, vivendo um grande terror, para comprovar que ele estava falando a verdade. Edwards concordou, não havia o que ser feito.
Quando chegaram, Jeffrey, fingindo calma, convidou os policiais para entrar e reconheceu que ele havia colocado as algemas em Edwards, mas não se justificou. Edwards disse que Jeffrey apontou uma faca para ele e que isso havia acontecido no quarto. O policial perguntou então onde estava as chaves da algema, e fez questão de ir pessoalmente pegar as chaves.
O policial percebeu que havia uma faca perto da cama. Ele viu uma gaveta aberta com fotos polaroides de corpos desmembrados. O policial saiu do quarto, com as fotos na mão, gritando ao outro policial que algemasse Jeffrey. Eles conduziram uma pequena busca pelo apartamento e ao abrir o refrigerador, encontraram as sacolas com carne humana e uma cabeça decepada de um afro-americano na prateleira de baixo.
Eles descobriram quatro cabeças, sete crânios, dois corações humanos, pedaços de músculos, um torso humano, um saco cheio de órgãos e por aí vai. Além disso, haviam cerca de 74 fotos polaroide mostrando corpos desmembrados e mutilados das vítimas.
Pelas próximas duas semanas, em julho de 1991, Jeffrey foi interrogado, totalizando mais de 60 horas de entrevistas. Ele confessou a morte de dezesseis pessoas entre 1987 e 1991, em Wisconsin, e ainda uma morte, Steven Hicks, em 1978, em Ohio, totalizando dezessete assassinatos.
Ele também confessou a prática de necrofilia e explicou todos os detalhes do que fazia aos investigadores. Além disso, ele disse ter comido os corações, fígados, bíceps e partes das coxas de várias vítimas mortas por ele.
Na audiência preliminar, em 13 de janeiro de 1992, ele se declarou culpado, mas mentalmente insano.
O julgamento começou oficialmente no dia 30 de janeiro de 1992, com toda atenção midiática possível. Os advogados tinham um desafio: provar a sanidade ou insanidade mental do criminoso. A promotoria dizia que qualquer problema psicológico que ele tivesse não o impedia de reconhecer que o que fazia era crime. A defesa afirmava que ele sofria de doenças mentais e tinha obsessões e impulsos que era incapaz de controlar.
Vários psiquiatras foram chamados. Alguns deles acreditavam que ele sofria de transtorno de personalidade borderline, transtorno de personalidade esquizotípica, alcoolismo e psicose.
A promotoria rejeitava todas as noções que Jeffrey era legalmente insano. Um dos médicos disse no tribunal que havia ampla evidência de que Jeffrey havia preparado antecipadamente cada assassinato e, por causa disso, ele não fazia nada impulsivamente. Ele sabia o que estava fazendo. O psiquiatra disse, ainda que ele se identificava com vilões nos filmes que assistia, como Exorcista III e Return of the Jedi.
O tribunal decidiu chamar dois profissionais de saúde mental para avaliar de forma independente, sem estar ligado à acusação ou à defesa. Eles entenderam que os assassinatos foram resultado de uma agressão reprimida, dizendo que ele matou aqueles homens porque queria matar a sua atração homossexual por eles. E que ao matá-los, ele matou o que odiava em si mesmo, que era a sua homossexualidade. Ele foi diagnosticado como um sádico sexual com transtorno de personalidade antissocial, sem nenhuma insanidade.
O julgamento durou duas semanas.
Em 15 de fevereiro de 1992, a corte declarou Jeffrey legalmente são. Como a pena de morte havia sido abolida em Wisconsin desde 1853, o juiz não a considerou como punição possível, mas ele recebeu quinze condenações por homicídio em primeiro grau, sentenciado a prisão perpétua por cada acusação.
Após a sentença, Jeffrey foi envido para o Instituto Correcional de Colúmbia, uma penitenciária de segurança máxima. Ele foi colocado na solitária por quase um ano. Em 1993, ele foi transferido para uma ala menos segura da prisão, e ficou trabalhando duas horas por dia, lavando os banheiros.
Na prisão, ele se converteu e se tornou religioso. Foi até batizado lá dentro. Em uma entrevista com Stone Phillips, da Dateline NBC, Jeffrey afirmou: “Se uma pessoa não pensa que existe um Deus responsável, então qual é o sentido de tentar modificar seu comportamento para mantê-lo dentro de limites aceitáveis? É assim que eu penso, de qualquer maneira.”
Em julho de 1994, quando voltava da capela da prisão, ele foi atacado por um outro preso, chamado Osvaldo Durruthy, que tentou cortar sua garganta. Essa foi a primeira tentativa de assassinato contra ele.
No dia 28 de novembro de 1994, pela manhã, Jeffrey deixou sua cela junto com outros dois presos: Jesse Anderson e Christopher Scarver. Os três estavam sem supervisão enquanto trabalhavam na limpeza dos chuveiros da academia da prisão.
As 8h10 da manhã, o corpo de Jeffrey foi encontrado no chão do banheiro, com ferimentos na cabeça e no rosto. O agressor foi Christopher, que estava cumprindo pena por um homicídio que cometeu em 1990. Ele acertou Jeffrey com uma barra de metal de 51 cm. Depois acertou Anderson também.
Jeffrey foi levado para o hospital da prisão, mas morreu uma hora mais tarde. O médico constatou que a cabeça dele também tinha sido batida contra a parede várias vezes. Anderson também morreu devido aos seus ferimentos dois dias depois.
Depois de matar os colegas de confinamento, Christopher voltou para sua cela e disse para um guarda: “Deus me mandou fazer isso. Anderson e Jeffrey estão mortos.”
Em setembro de 1995, o corpo de Jeffrey foi cremado e suas cinzas divididas entre seus pais.